Eu não quero me escrever mais. Já
disse muito. Não haverá mais cenário. Nem nome e eu não sei se serei. Não direi
mais nada. Serei silêncio. Não queria dizer eu. Eu queria morrer do jeito que
você entende morrer. Porque eu sei que as pessoas morrem também, mas ninguém
morre como se deve morrer. Só como não deve que as pessoas morrem. Eu não
queria que as pessoas morressem como elas sabem morrer. Queria de outro jeito.
Mas não há.
Porque eu gosto das coisas simples da
vida. De comprar flores. Quem compra flores, você compra? Eu compro flores para
enfeitar minha sala. Andando em outras ruas que não estas – existem sim outras
ruas, mas quase nunca as percorro – colho flores para mesclar a vida e a morte, pois as coloco na sala. Eu recolho flores porque é simples e me dá
alegria. Eu quase não planto alegria, e colho flores. Não colho alegrias porque
não planto flores. Só as recolho e levo comigo.
Ir. Está na hora de ir, mas estou tão
cansada que minha mente não coordena meus pés que vão indo pra onde for que
houver. Mas não há. Pra onde sigo, então? Impulsiva, não desejosa. Perdi o
sabor de prosseguir. Luto contra o mundo, mas não adianta. Sou tão fraca, tola,
cíclica que me perco sempre. Sempre. Na mesma rua em que ando reta. Pelos mesmos caminhos em que há anos sigo por
seguir. Caminhando de coração laçado com o fantasma.