tag:blogger.com,1999:blog-2766579592609869072024-02-28T05:27:04.941-03:00.:Degustação Literária:.Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.comBlogger224125tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-30145648331278422632020-03-02T21:44:00.001-03:002020-03-02T21:45:34.133-03:00Os irmãos
O pai bebia rotineiramente. Para comemorar o nascimento do
filho, desceu algumas cachaças pela garganta e foi registrar a criança.
Alegre além da medida, postou-se frente ao escrivão do
cartório.
- Qual o nome da criança?
- Ah, nasceu outro menino!
- Parabéns! Qual será o nome da criança?
- Ele é parrudo, igual ao irmão!
- Sei, qual o nome da criança?
- Robson.
A mãe, que acompanhava o Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-22352466186759864032017-04-23T13:05:00.000-03:002017-04-23T13:19:23.844-03:00Chama
Enquanto o pavio da vela
queima
Clamo o fogo da ponta
e acendo teu nome.
No caminho aonde a cera
derrete quente
o fim da luz
Clareio teu facho
Sobre mim.
Na penumbra
de tua réstia face
Avulto uma sombra
que em nada
figura.
Chega-te a mim
nossa escuridão.
E a clareira nova
revigora
uma outra crucifixão!
Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-25790461628539356832016-07-18T23:45:00.000-03:002016-07-18T23:45:15.690-03:00Os anos de Augusto
Augusto é órfão de família viva - de corpo presente - desde que sua amada avó falecera ano passado. De seu nascimento até a noite que ela voltava para casa sem nunca mais ter chegado, Dona Ciça era quem cuidava do pequeno e quem teimava os ouvidos quando os outros diziam "deixa o menino" e se iam; ela, agarrando-o pela mãe do "venha", aconchegava-o em seus pertos. Aquietava, assim, os doisFernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-78484026579878832352016-06-23T01:24:00.003-03:002016-06-23T01:24:50.435-03:00Oriente Com mãos poentes
O tecido é lentamente
afastado.
E o corpo
inclinado
levemente semeia.
Há dança.Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-43622769913017127302016-03-10T23:12:00.000-03:002016-03-10T23:12:34.634-03:00Lançamento do livro “O fio de Ariadne”
Thor Resende, jovem escritor mineiro, lança seu primeiro romance policial em Belo Horizonte
Há alguma força capaz de alterar o destino? Ou sua determinação é imutável, como sugere o próprio significado da palavra? Esse questionamento é a base central do livro “O fio de Ariadne”, de Thor Resende. A obra, que entrelaça a história de Sara, Antônio e a de um homicídio investigado Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-26266660314298620422016-02-09T23:59:00.000-02:002016-02-10T00:02:25.894-02:00Pulsão O impulso pulsa.
Espinho que finca
Voz que dita
Às mãos o que pensar.
O impulso pulsa.
Ofega o sentido
Taquicardia o sonho
Grita o agito, sem considerar.
O impulso ainda pulsa.
Solta a razão desenfreada
Que pula imprudente
No ciclo do recomeçar.
O intruso
O impulso
O pulso
Pula.
E sangra, sangra. E sangra.
Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-91415517207392882142014-11-05T01:57:00.000-02:002014-11-05T01:57:08.977-02:00Brado
Suplicante te peço
Em relampejo desejo que brota
Da pele minha
Ao encontro da sua.
Tenha dó
E venha.
Por onde quer que seja
A conduzir a arritmia densa
Em que sussurro
Teu nome.
Tenha dó
E venha
De mãos atadas
Suplicante
Curvada ao pedido
Rogo-te:
Tenha dó...
Tenha dó...
Tenha dó.
Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-54606163462564828522014-10-27T01:41:00.002-02:002014-10-27T01:41:24.936-02:00Vida e morte no baile
Desligo o carro, atravesso a rua
e bato à porta ininterruptas vezes até que ela se abra - o que não demora. Lanço-me
à casa ávida pelo encontro, por quebrar descuidadosamente um vaso que ao canto
está, pela pressa de ir e ser. Mas não o faço. Sento-me à poltrona, pés a
balançar. No rosto, um singelo tom de “diga-me” com ares de “que seja assim” e
não de que “assim seja”.
Enquanto isso, Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-42728590440690775672014-09-28T01:01:00.000-03:002014-09-28T01:01:05.714-03:00Caderninho azul
Era uma história. Não uma vez.
Nela, rascunhos rasurados
De amor.
Um caderninho azul.
Começou contando
A vida de dois.
Terminou com a de três.
De um, que estava na estória,
Mas não na vida;
De outro, que estava na vida,
Mas não na história.
Terminou com a vida de um.
Mas este um alheio.
Não era nosso filho.
Nosso filho...
Voltaram-se então,
Às páginas em branco
Onde oFernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-30826230487878223942014-08-17T13:34:00.000-03:002014-08-17T22:09:24.891-03:00Dona Renata
À Dona Renata
Chora,
Dona Renata. Entregue-se copiosamente ao desespero, à dor. Tua força é bonita,
mas pesada. Tens ainda, à frente, muita dureza a caminhar. Chora agora. Deita-te
nos ombros dos amigos ou no colo de teu travesseiro – ou no dele. De dia mesmo,
não espere à noite, não espere o amanhã. Tu, mais que ninguém, sabes que o
amanhã ainda não existe. E pode não existir. Descanse, DonaFernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-45878456169443870032014-06-29T22:14:00.000-03:002014-06-29T22:14:19.207-03:00O canto
O espaço é tão amplo, frio... Assim, todo pintado de branco. Aliás, branca é uma cor fria? Não sei, mas o espaço é. Frio e iluminado pelo sol que rasteja no chão, ao entrar pela fresta da janela. Que horas são? Há pouco, era ontem. E já é hoje, que logo ontem também será. Logo? Não, pois o sol rasteja e eu não abro toda a janela. Mesmo se abrisse, o hoje não seria ontem tão cedo amanhã. Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-15244270302011137372014-05-04T23:04:00.000-03:002014-05-04T23:04:37.457-03:00Tarde
Caminho ao passo da velhice, como
se meus jovens anos não soubessem do tempo em que vivo. O feixe de luz por
entre os prédios, o bater de asas do pássaro, o menino que lê e sorri, são como
fantasmas em meio ao caos diário, por onde a ordem agora se faz razão de
ser.
Ninguém os vê, além de mim. Devaneio. Atraso meus deveres, minha rotina a contemplá-los. O mundo corre. Perco
a hora - queFernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-33001262185338336762014-01-30T22:31:00.000-02:002014-01-30T22:31:03.673-02:00Saudade
Texto publicado em Maio de 2008. Para todos aqueles que sentem saudade.
Era uma varanda extensa, com um pequeno jardim à frente. Havia uma rua pouco movimentada que trazia vida àquela residência tão quieta. Trazia porque os passantes estavam habituados a olhar aquela cena quase fotográfica, não fossem os suspiros de tempos em tempos vindos daquele lugar...
Ela se sentava todos os dias na Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-35171671654899160722014-01-08T09:39:00.003-02:002014-01-08T09:39:56.831-02:00{Música} Vício - Phill Veras
Esta é uma das músicas que eu gostaria de ter escrito...
Baixe as músicas de Phill Veras no site Musicoteca.
Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-83068182116877530872013-12-02T17:27:00.000-02:002013-12-02T20:31:11.098-02:00Cortejo à amante
Pontualmente, às 20h, ele entra em minha casa e deixa
o passar da rua pelo portão. Senta-se no sofá e vê da janela um céu emoldurado por
tropo do tempo que nunca morre. Pergunta-me se sempre haverá estrelas. E eu,
crente, digo que mesmo lá, haverá. Observa
a casa em ordem de rotina, o tapete que recebe os pés com prazer e o silêncio
das cumplicidades que nada dizem em palavras. Olha as Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-16077794800465944822013-11-14T11:36:00.001-02:002013-11-14T11:39:40.103-02:00Sobre como me tornei máquina - II Sentadaà beira do abismo
desprendo do peito a dorque me faz existir.Lentamente me deixo iraté tocar- com pés firmes -o chão.Então, volto para casa.Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-35061915088289029482013-09-17T14:05:00.001-03:002013-09-17T14:07:34.495-03:00Sob tuas alturas
Eleva-me
sofregamente
quando
percorre meus declives
-
vales férteis de lânguidos caminhos -
com suas
mãos deslizantes.
Eleva-me tempestivamente
- à paisagem, surgem alterosas -
perfazendo minhas entranhas
a expor feixes de luz outrora ocultos.
Eleva-me, enfim, num sobressalto.
Inunda-me, em riste,
em teu rio
leitoso,
morno, acolhedor.
Resfolegante
suavizas, Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-25588762640152487922013-06-02T00:38:00.000-03:002013-06-02T00:38:57.780-03:00Distonia do amanhã
tenho pressa. a vida termina amanhã. já não há saudade, ausência ou presença. a vida termina amanhã. assim, como começou...porque começou? porque ela termina amanhã? só sei que hoje é tarde; sempre é tarde para a vida terminar amanhã.
são madrugadas, mas não as do dia em que o amanhã finda a vida; ou a vida finda a manhã? só sei que o céu vermelho, é o abismo contrário do que abismo é. Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-42254335111451168612013-05-06T00:22:00.000-03:002013-05-08T18:12:59.424-03:00Outras horasPassas por mim
a rastrejar-me os desejos.
Ansiando a descoberta de minhas rendas
negras como a noite
com cálidas mãos que me tateiam
sorrateiras e tempestivas.
Há tempo.
Adentra-me vasculhando quartos
meios, inteiros.
Velando-me em vigilante nudez
-corpo e sonho -
enquanto desfaleço
em teus linhos.
Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-20916153498715908192013-04-10T22:15:00.000-03:002013-05-06T00:23:40.800-03:00Amor, sentido e arte
“Nos anos 70, Marina Abramovic viveu uma intensa história de amor com Ulay. Durante 5 anos viveram num furgão realizando todo tipo de performances. Quando sentiram que a relação já não valia aos dois, decidiram percorrer a Grande Muralha da China; cada um começou a caminhar de uma lado, para se encontrarem no meio, dar um último grande abraço um no outro, e nunca mais se ver.
Vinte e Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-50831803937039286082013-03-24T23:48:00.002-03:002013-05-06T00:24:04.905-03:00Quando, se.
Se tivesse partido
Como os homens comuns que ao seu tempo
caminham
Não sentiria tua ausência como sinto
quando você está.
Se você tivesse partido
Como os homens comuns que ao seu tempo
caminham
Não sentiria que está
quando de tua ausência.
Se você estivesse
E tivesse partido
Eu sentiria
Preenchido esse vazio.Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-20441829484214642852013-02-27T22:05:00.001-03:002013-05-06T00:24:17.772-03:00As linhas da palma de minha mãoAmo-te como parte de mim
Fragmentada
De lá, mas parte.
Como sem outra forma
Nem outro ser; parte.
Completa, sempre aqui
- sem outro jeito, pois o jeito
É.
Faz o ser
Que sou.
Todo ser seu
Parte de mim.Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-41871525487832760032013-01-27T23:03:00.001-02:002013-05-06T00:24:30.588-03:00O nome - FinalFluência. Eu não tenho fluência, eu
tenho passeios. Pelas palavras percorro brincar de plenitude. Agora passeio
pela rua. Pela rua porque é apenas uma rua. Pela rua sinuosa, insinuante, reta,
ereta, dura. Agora sim, pode sorrir. Tenho saudades de muralhas e de esquecer
nomes. Por que eles me vêem, eu perco a leveza. E viro rua. O perigo de se
virar rua. Você já foi rua?
Eu não quero me Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-34891875131468266172013-01-13T19:53:00.000-02:002013-05-06T00:28:30.435-03:00O nome - Parte 8 (cont.)
Então quando eu era pequena, brincava de viver. E não
haviam segredos. Aliás, haviam segredos, mas eram segredos bons, que davam
sabor à vida. E isto me fazia viver. Você vivia quando era criança? Eu já fui
criança. Assim, criança diferente, porque cada criança é diferente da ideia de
ser criança que o adulto tem de quem criança é.
Muralhas dormem em paz, suspirando sonhos de criança
que Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276657959260986907.post-21778231749181771582012-12-19T22:00:00.000-02:002013-05-06T00:28:43.780-03:00A história de uma bárbara trepadeira.
Trepadeira:
1- [Botânica] Diz-se de ou planta que, como a hera, trepa com elos ou gavinhas ao longo dos corpos vizinhos.
Bárbaro:
1 - Próprio de quem não é civilizado; rude.
Dicionário Priberam
"Cala a boca - olha o fogo"
C.B.
A trepadeira putrefa na
lama. Seus frutos negros, fétidos, sem visco, se apresentam aos que passeiam
inglórios ao seu entorno. A trepadeira exala uma Fernanda Fernandes Fonteshttp://www.blogger.com/profile/05403348265376126920noreply@blogger.com0