O pai bebia rotineiramente. Para comemorar o nascimento do
filho, desceu algumas cachaças pela garganta e foi registrar a criança.
Alegre além da medida, postou-se frente ao escrivão do
cartório.
- Qual o nome da criança?
- Ah, nasceu outro menino!
- Parabéns! Qual será o nome da criança?
- Ele é parrudo, igual ao irmão!
- Sei, qual o nome da criança?
- Robson.
A mãe, que acompanhava o marido, gritou de longe:
- Robson tem!
O escrivão, já cansado da fala molenga do pai, datilografou:
- Robestem da Silva Moreira.
E assim cresceram juntos, Robson e Robestem. Em meio a
bares e risadas, a alegria de um era o desespero do outro.
O homem, muito criativo, gostava de “inventar moda”, segundo a
esposa. Passava horas contando milimetricamente a madeira, antes de cortá-la e
esculpir uma mesa nova para colocar no lugar da mesa nova, que já estava velha
aos olhos do marceneiro amador.
Quando a esposa engravidou da primeira filha, logo veio o
nome:
- Ione!
O amor pela menina, inspirou o então Contador a escrever
sonetos; afinal, matemática e Camões sempre estiveram juntos, no escuro das
letras.
E assim, veio a segunda gravidez. Outra menina:
- Dione!
Para completar a tríade, resolveram ter outro bebê. E nas
tentativas, eis que os pontos se ligaram, e a terceira menina foi concebida. Sem novidades, como se descoberto o mistério da rima, proferiu:
- Trione!