"A angústia de ter perdido, não supera a alegria de ter um dia possuído" Santo Agostinho
O luto é um templo onde vou adorar meus pecados e dores pelos dias. Nele contemplo anjos e santos de pinturas descascadas, sem cor, sem vida; onde acendo minhas velas que não se apagam, em uma tola tentativa de iluminar meus pensamentos.
Em sua negra nave caminho rumo ao altar ornado de ausências inúmeras. Me ajoelho a derramar lágrimas de saudades, de indignação e raiva. E nesta hora não vejo nada além de mim e do meu querer.
É nesta casa que elevo minhas mãos e clamo a retomada das felicidades de outrora. Daquele aconchego morno, cúmplice e discreto; verdadeiro. Onde me despeço das alegrias e vou, cambaleante, ofertar flores aos mortos que partiram e pérolas aos que perambulam no meu limbo diário.
Onde sinto a impotência dos segundos; onde os dias são lineares; onde a ausência é matéria da fôrma de mim.
Porque tem dias que é insuportável. E não passa.
11 comentários:
Os momentos reflexivos e de análise interior, constituem um importante factor do equilibrio emocional!
Beijos...
Senti um pouco do barroco no descascacar das imagens e pinturas e ao adentrar a nave mor do altar do Senhor senti que o profano e santo estão cada vez mais próximos e disputam mais profundamente o espaço apertado de nossos peitos!
Muito triste, muito barroco!
Mas muito legal FÊ!
Lindo texto querida, e dias lineares também tenho, na verdade todos nós temos.
Aquela última estrela
E, na parede, esses quadros lívidos,
de onde fugiram os retratos...
E esta minha ternura. Meu Deus
Oh! toda esta minha ternura inútil, desaproveitada!...
beijos, apareça por lá.
Você Fernanda, com toda a sua poesia, é sempre iluminada e ilumina.
Não sei dos caminhos do amor, mas convivo bem com seus contraditórios.
Um abraço grande no coração.
É a tua sensibilidade em conexão. Tudo tem as suas pedras, escadas e subidas. Beijo moça
Graças a sua visita, vim parar aqui, pois eu já havia me esquecido, mas logo que chego me lembro novamente, e assim é a lembrança daqueles que passaram por nossas vidas e se foram, mas deixaram momentos na memória, que vem e vão, é o que chamamos de saudade.
abraços
Em sua visita, fincaste um bonito olhar.
É o doer de bom ao contrário...é o cheio do nada, o preenchimento do vazio...é o que sempre nos aguarda...
Palavras duras minha amiga.. essas sim...
Esse poema é concreto. Decidido. Como lhe disse anteriormente, ele é um poema escrito no imperativo... não em termos gramaticais.. mas em termos afirmativos.. de posição.
É um poema que se justifica..
Parabéns pela escrita...
Beijos!!
Gosto de sentir saudade, mas não por muito tempo.
Matar saudades é melhor que sentir.
:)
:*
Vamos ser assassinos de saudades. :)
:*
Essa escuridao de estar sozinho nao é algo tao bom para nossas vidas, é um constante ludibiar de emoçoes sem nexos, mas como humanos é necessarios passarmos por vias da solidao para sermos autoreconhecidos.
É puro barroco.
Boas palavras...
Adorei seu texto, traz à tona uma essência humana, é fácil se identificar com o texto, parabéns amiga. Abração, se cuida
Postar um comentário