sábado, 31 de março de 2012

Janela quebrada


Quando olho ao horizonte, não vejo mais aquelas cores que brilhavam a mim como perpétuas luzes que nunca iriam se cessar. Aquela imagem de contornos precisamente delineados, faiscados de uma alegria prolongadamente verdadeira, se apresentava diariamente à paisagem rotineira de meus dias com uma beleza doce e harmoniosa. Era assim que eu sabia olhar; esta era a sombra fresca em que eu deitava vista quando ao lado o mundo estava monocromático. 

A janela extendia meu olhar à vida. Transparecia desejos tão cheios de sonhos e fantasias, ao passo das alegrias que a felicidade traz. Moldurava meus pensamentos à esperança de que ainda havia vontade, ousadia.  

Mas a janela quebrou. E eu não sei viver mais. Meu corpo não pode se mover. Outras cenas não se encaixam a moldura de meu olhar que agora se delineia através de um vidro abstrato, de contornos imprecisos e imprevisíveis. A nova forma mudou a cena. E onde me encontro, neste lado de cá da rotina? Cinza, o interior da vida é cinza, e abafa a ausência de ventania externa.  

A janela transita entre quem eu sou e quem eu sou? 

Hoje, só, vejo. Somente hoje vejo. É assim que eu sei ver, só assim sei viver.

sexta-feira, 23 de março de 2012

A pele que há em mim - Márcia Santos

Minha mais nova paixão musical; especialmente para meus leitores de Portugal...

quarta-feira, 7 de março de 2012

A bruma dos dois planetas


Ainda que tardio
Aquilo que sempre foi
Mesmo antes de ser
Pra sempre
Aqui está.

Secretamente revelado no não
No olhar que se esvai pela vala do assim

Caminhando contigo.
 
Creative Commons License
Degustação Literária by Fernanda Fernandes Fontes is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.