segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Terra de ventar vontades

E eu que precisava do silêncio do mar, mergulhei tão fundo que o ar me faltou. Necessitei me abraçar e olhar todo o azul, ali, embaixo d'água. Precisei morrer em mim para perder o peso de meu corpo leve. Para que pudesse, em meio a vida, à tona retornar. Morta. E ressurgir ao calor do sol.

Feito.

Mas a intensidade dos raios era tanta que me cegavam enquanto vida me davam. Mar de infinitas ondas. Pressinto terras, as desejo aos meus pés. Sei que há conhecidas, por conhecer e outras que creio já ter pisado. E uma briga de ventos se faz, cada qual a tentar à sua terra me levar. Mas resisto. Ainda não é o horizonte que procuro. E sigo boiando, a me aproximar e remar em pensamento sentido contrário. E a ir e vir, ir e vir...

Canso.

Me verticalizo então, olhos a procura. E encontro. Ao longe, extensa, à minha direção. Mas novamente, como sempre de desejo meu, não há vento que me leve a escolha minha. Preciso seguir a sua direção, nadar contra a forte corrente.Ventos não entendem o que sinto. E não há força que me faça seguí-los.

Eu preciso ventar.

Sobre a terra de meus olhos, talvez me receba, ou não. Lá é localidade que desejo repouso. É a terra que me chama, a que clamei. Não é a mais próxima, não a mais fácil de alcançar. E o que busco é oposto ao que me distância. Aflições de saber se até a ti chegarei.Vejo-te. E sinto braçar sem que saia do lugar. Me mandas uma brisa - não vento -.... Seja abrigo de meus pés.

E o mar.

E o céu em mar se fez. E o dia, não sei. Somente o momento de dia, é que certeza tenho. Que chegue.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Das felicidades

Se sentou na grama. Abriu a bolsa, pegou a câmera e a fez de olhos. A lagoa era clara, o dia leve. Haviam namorados, crianças correndo. Suspirou alegremente e clicou todas as cenas. Fechou os olhos e respirou fundo. Estava feliz por estar ali. Por toda sua andança, caminhada. Seus desejos se concretizavam. Beleza presente em seus dias, quietude movimentada. O prazer do trabalho, das tardes de conhecimentos múltiplos. Das adoráveis presenças, boas conversas.

E a lagoa sorriu para ele. E ele sorriu à lagoa.

Subiu à bicicleta depois de gracejar um sorriso à moça que lia encostada ao tronco do ipê. Sentiu não fotografá-la. Mas a gravou em retina. E pedalou por entre a tarde, felicitou o viver. Cantou e dançou o sentido da vida. E pensou nas flores que haveriam pela noite que chegava de mansos passos de sol poente...

sábado, 13 de dezembro de 2008

Ao meu Zé

...meu coração decresce a cada suspiro de saudades. Chora meu peito ao som da canção que se calou. Sinto-te ausência nesta tarde bonita. O dia tem a sua lembrança.

Faz ano de tua partida. Mas te tenho como ontem, em teus olhos os meus, minha face. Teu permante carinho acolhe a falta que sinto de ti. Choro por ser esta minha essência. Sei que nada escolhemos, a vida ruma por si. Não nos obedecem quereres e vontades.

...e eu sentia forte teu amor por mim. Jamais esquecerei das vezes que dançamos juntos: de teus dizeres e de tua felicidade. Queria que estivesse do meu lado para se orgulhar de mim e me cuidar tão bem como sempre o fez, com os mais simples gestos.

Ao escrever-te digo aos que sinto:

Jamais esquecerei os banhos de mangueira no quintal, a ida à montanha observar os carros que lá embaixo passavam, sua risada a me contar um segredo e o sorvete na praça. Não quero rebuscar palavras, escrever bonito hoje. Só quero que saibas....

A lembrar-te em canção...

Zé (Liminha e Vanessa da Mata por ela)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Final de ano

Queridos!

Estamos próximos ao final do ano, já sinto o cheiro de Natal. Aos que me conhecem, sabem que este mês causa inúmeras sensações em mim. Algumas felizes, outras não...

Este foi um ano de mudanças profundas, de despedidas e de grandes encontros. E é sobre isto que venho falar, das maravilhas que me foram apresentadas, muitas, por este espaço. Aprendi muito aqui, me encontrei e me perdi. Sorri, chorei e sempre quis mais. Aliás, quero.

Meus desejos a queridos amigos:

Ao Flavitcho, um balanço debaixo de uma gigantesca árvore em um fresco quintal; ao Euzer, a eternidade de Pepe, mesmo que em sua pele, suas palavras ou gerações; ao Hilário, caleidoscópio cheio de estrelas para que seja madrugada clara mesmo ao meio dia; para Filipe, uma exposição de letras às suas mágicas mãos; ao Alam possibilidades e levezas; à Ana Lúcia, mãos hábeis a desvendar olhos tapados; ao Rubens, dias de 30 horas: que descanse quinze, seja artista em dez e trabalhe cinco; à Dani, o registro de sua intensidade por um verdadeiro amor; à Martha, artes às mãos; carpintaria à Flávio Circini, para que talhe cedros em letras e letras em poesias; e ao João Rafael um cubo mágico de artes infindas.

A todos que acompanham este blog, que passam sem que se mostrem, que deixam comentários, que mandam email's (e poemas especiais!), obrigada pelo carinho, atenção e leitura. São Paulo, Rio de Janeiro e Portugal, adoro vê-los quase que diariamente por aqui. Estou feliz por ter vocês comigo.

...para nós, todas as felicidades!

Um forte beijo e um desejo poético de permanência em 2009. Reencontros, experimentações e todas as letras.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Querem me amar

É inútil. Teu canto não ecoa, não estronda aqui. Não ressoa em mim voz que diz de meu querer. Sabes bem que inexatas, quando de outras já por ti possuídas, são minhas vontades. Você não é gruta de lavrar fogo, onde abrigo morada. Antro de busca que almejo e vejo ao longe; caminhada inda a percorrer e calejar minha ânsia.

Meu erro de permitir ponte sem chegada me causa moléstias pelos atos que encenei a brincar com as horas, a me afirmar presença. Não dançavas comigo, era outro o seu tom. Pensei que teus olhos brilhavam pelo segundo, não pelo tempo. Sinto-te o sofrer, pois já estive nele. E por tal, lanço-te nãos para que submerja a ponto de bater os pés no fundo, e de relance, à tona respirar. Para sentires vivo e dominador de ti.

Porvir uma flor para teus dias, creio de certeza. Amparo para teu amor. Ecoarás o que de teima ofertas a quem de zelo recusa. Daquele canto obtuso que muitos tentam escorar, a ti não é permitido descanso. Não cabes lá. Há infindas diferenças a negar o pedido. Sabes bem que os caminhos à minha pulsação são de labirintos, poucos os que nele adentram, necessitam valentia, impulsividade e algo que só eles têm, sem que saibam - falta-te.

Já te segredei, sem saber as vontades, das minhas com outro. Se o fiz, por ausência de percepção, era para que auxílio me desse, incentivo queria de ti. Mas se é por isso que calaste, não mais escutarás meus desejos.

Siga e seja.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Manhã

Acordei com vontade de dizer que te amo. Não levante, permaneças na cama. Quero ver-te os olhos fechados de sonhos calmos. Seguir sua leve respiração com meu ar cardíaco acelerado. Passar a mão em teus cabelos, sorrir. E saber que o instante é maior que toda a vida.

Quero meu rosto roçar à tua áspera barba por fazer. Vê-lo sem a pressa dos dias; despertar, me puxar e dizer "não me deixa...", sem perceber que o disse ao sussurro de gesto. Me embolar em ti e permanecer. Apenas.

E de beijos raiar teu dia. E de preguiça ficar contigo sentindo-te. Adormecer.

Suponho-te pele leitosa
vermelha ficar à sofreguidão
do embalo;
os olhos atados
à moldura da cena.
Estreito adentra-me
oceano de sutilezas.
Sentir-me em espírito
e particular essência.
Apagar a luz do sol
com a penumbra de teu
corpo lânguido.
Calmaria vital
de cor e de ar.
Manhã.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Pedro

Hoje vi Pedro.

E me abri em lábios de sorrisos! Ah! Quanta beleza há na janela azul a me observar...para ti Pedro, todas as permissões. Tua imagem incrustada, agora, à minha rota. És chuva chovida em meu olhar; é mão no peito a sentir o bater do coração. Escuta...tem o som de teu tambor.

Hoje vi Pedro.

Quando da vez que te vi primeiro, em mesmo segundo te reencontrei. E agora aqui estás... e todas as distâncias menores ficaram, quando em ti.

Sabes o que me encanta à vista, Pedro? Tua dor drummoniana e a marca em teu rosto. E agora és água a sedentar meu seco viver por isto. Fizeste o dia mais bonito, me afoguei em leveza de imagem.

Pedro.

Quero clamar-te, suave, o nome e ir indo, indo, indo, até imperá-lo ao vento a rodar mundo...Pedro....Pedro..Pedro! És o alcance a retirar constância em mim.

E roda de dor, de arte, de vida. E teu querer foi meu. E tudo se fez certo.
 
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