sábado, 26 de dezembro de 2009

Gotejo

Frases rabisco a buscar algum encontro. A foto, a música, o sorriso, o abandono; nada preenche meu ser estático, que caminha, apenas. Canto versos, respondo a gracejos, vou, digo e não me encontro. Não te encontro. Eu não existo. Sigo hoje com a tarde nos bolsos furados, a verter pensamentos não pensados, ali, nas pedras, onde é lugar de repouso. O que digo sem palavras abafo, não quero saber. Sou feliz porque preciso. Caminho porque minhas pernas desejam. Não amo, pois este é meu querer. Gotejo.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Estou aqui!

Meus amores!

Estou aqui e não me esqueci deste espaço. A loucura do dia tem me tirado a inspiração e todas as artes! Estou com saudades não só de escrever, mas de ler todas as belas letras que sempre encontro nos blogs de amigos queridos. Sempre passo no Degustação Literária para ver rapidinho se tem algum comentário ou para seguir os rastros de quem por aqui passou.

Depois de encontrar diversos textos meus em blog´s alheios que não citavam os devidos créditos, passei a somente publicá-los depois de registrar. Isso faz com que eu demore um pouco mais a postar...mas espero estar, em breve, de volta!
Beijos a todos, em especial aos amigos de Portugal, sempre presentes; ao Euzer, Flavitcho, João Rafael, Tossan, Filipe...estou com saudades das letras de vocês!

Até logo,
Fernanda.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A espera

Não me sento à frente da tv. Ando pela casa arrastando pensamentos e esquecendo meu corpo no movimento das horas. Já são muitas as passadas do ponteiro desde a espera daquele mês. Nada, nem um sinal, minha sina. Meu credo rogo a favor da passagem, da descida, da crença de ser impossível para o momento.

Chamo Carlos ao telefone, inquieto ele também:
- Apresse as armas, aponte as inquirições. Não há mais que se esperar. Avante ao encontro, ela teve sua chance final. Tola!

E Elza amanhece morta, ensaguentada, corpo em fétida decomposição.

- Agora é a sua vez.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Noite de Neon

Pintura: Sr. do Vale
2,50m x 1,50m

Inspirado nas belas imagens do Senhor do Vale

Não bastasse a escuridão da noite, me vem agora a falta de azul-temperança destilado pelo sangue desejo de dias aflitivos. Um lampejo vermelho faz meu céu desmaiar em uma liquidez de eternos dizeres de amores. Fragmentos noturnos compõem uma paulatina desconstrução do amanhã. Por tudo, uma condenação presa a um pensar que lampeja -em neon- a desfaçatez de um caminho destinado a ruinas.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Feliciana

Caminha Feliciana, caminha. Seus pés não sabem o que diz teu pensar. O olhar estende a mão que quase toca, não fosse o movimento do mundo. Feliciana, em que rua está? Onde mora o sujeito escrito no papel dobrado em seu bolso? Vira uma, duas páginas, e nada de aliviar seu penar. Feliciana, é paliativo correr, o tempo é dono de si. Feliciana... Teu nome me lembra algo que tive a me assombrar as noites em que Eulália repousava descanso sobre mim. E agora digo: venha Feliciana, te abrigarei depois que a chuva cair. Mas o céu está tão negro que teimo em deixar nosso encontro para amanhã.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Cotidiano

Quantas pontas têm
as contas da linha de sua fita?
Mal estar, distração, jogo de cenas.
Sem laços feitos,
horizonte por sobre a gaveta
presente em cartas adormecidas,
a espera de um fatídico destino;
sina de um cotidiano
representativo
que faz, mas não deseja.
Que o outro seja
senhor de sua felicidade.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Inspiração ou Transpiração

Estou a seu comando
Submissa.
Corpo lânguido a tua espera.
Estendida,
Em clemência,
Ao aguardo de ti.
Sem rubor, embevecida de vontade.
Faça-se em mim
Não tarde a chegar:
Tenho sede.

Rubem Alves, enfim!

Depois de várias passagens por Belo Horizonte e meus inúmeros compromissos na mesma data, encontrei Rubem Alves, enfim! Ele é fofo como eu o conhecia por seus livros, apaixonante! Para alegrar minha semana...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Inspiração

Quem tiver a receita me envie, por favor:
degustacaoliteraria@yahoo.com.br.
Estou branca de vazios.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Ele me diz

Foram rastros deixados
- não gosto de me perder.
O que acontece aqui?
Este som, estas vozes..?

É ali. E lá, o que será?
Um beijo não importa
destino.
Creio não gostar.

Era isso? Mas foi.
Palavra vã, acaricia
meu corpo, um segundo.
Vai e esquece.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Beleza Pura, de Beatriz Milhazes

Beleza Pura. 2006
Acrílica sobre tela
200 x 402 cm

Um pouco de cor para esta semana que começa tarde, mas já está cansativa...
Para conhecer mais Beatriz Milhazes, clique no nome da artista plástica.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Descanso

Ei de morrer por uns dias.

Outrora quis adormecer apenas, para hibernar pensamentos infecundos - em sazonais temperanças me apresentam. Momentaneamente fechei os olhos e abri meu corpo. Um turbilhão de clarões inundou rachadas em meu coração.

Ei de morrer por uns dias.

E o sonho de tão claro me cegou. Embebeci minha alma inlúcida de vozes gotejantes, tortuosos vislumbres e audições induziram meus caminhos. O rosto parado, sentado à pedra. E isto é eternidade.

Ei de morrer por uns dias.

Cansado, meu corpo pede paz. Ainda quero gritar, mas não há voz na força. Não há corpo na paz. Olho para o lado e o que vejo? Um leito quente, para dias frios.

Pelos dias, ei de morrer.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Autobiografia

Sou mulher de vontade imperativa, que anseia o logo e penitencia os dias com a crença de fazer, não deixar para o tempo. Nego alguns escritos e já quis ter o som de Piazolla tatuado no braço esquerdo, onde mora uma emoção não vivenciada. Possuo o dom de ir do riso às lágrimas como uma linha de eletrocárdio, culpa da vocação ou dos hormônios, não sei. Sou conscientemente fraca em mim e forte quando neles. Há pouco deixei de chorar lágrimas para banhar papéis nas letras, o que me causa o título de poeta e o constante incômodo do não contentamento. Não tenho amor a bichos. Abstenho-me de íntimas confidências pelo cansaço. Amo em excesso e vivo uma overdose sentimental diária. Queria ter mais dons artísticos do que o concedido pelo distraído anjo arteiro - mas agradeço a oferta. Espero ser surpreendida e me surpreendo com a falta de ação rotineira. Tenho um homem que me ama quando há tempo para o amor. Sou de vaidade amena, não guardo ódio por ninguém, apesar de já tê-lo sentido. Amo a lua, o silêncio da madrugada e vinho a descer garganta. Queria encurtar umas distâncias e não canso de culpar a geografia e o asfalto por uns abraços perdidos - e uns beijos, para dizer alguma verdade. Sou mais feliz quando ouço Benett cantar "...just the way you look tonight..." e não resisto a um sorriso bobo literário. Não estou no lugar a que pertenço e não sei onde ele está: mas é pra lá que caminho. Tenho por imagens girassóis, nuvem branca em céu vermelho e uma estrela-cadente em noite de abraço apertado e jura de amor. Aflinjo-me com o não alcance do que desejo - desejo daquela felicidade. Quero ir além, estar e sentir. E vou, se lá, não sei.

domingo, 30 de agosto de 2009

Espelho

Não sei se me compreende
Ou te julgo cúmplice de
Meus delitos poéticos
Sem que o saibas.


És uma construção tão bonita
Que te materializar erradicaria
Tantas belas metáforas
Ainda por dizer.


Não é homem, corpo ou visão,
É essência que transpassa em
Forma ao chão, quando em ti,
Luz. Sou eu em você.

Warwick Avenue (Duffy)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Voyerismo lunar

Gran Finale - Sr. do Vale
0,74m x 0,42m

Inspirado nas telas do Partículas do Sentido

Pés cansados,
cambaleando pensamentos
sem chegada.
Pó de todos pisa.
Mulher que vaga
à lua clara.
Entra no mar
e banha sua alma,
abraça o fim.
O céu se abre
em dançante véu
e cobre o corpo.
O segredo da noite
dissipado ao mundo
por teu brilho.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Dizem que peixes acalmam...



Clique na imagem para alimentar os peixes.

sábado, 22 de agosto de 2009

Condenação

Um livro jogado a um canto qualquer
Em brancas páginas iniciais
Miolo em letras
E seguintes por tua espera.
Queria-te intensidade das minhas
Turbilhão de procura
Do encontro de nem sei.
De nós.
Quem sabe?

Quando em ti,
Morta viva.
Quando em ti,
Lágrimas de sorrisos.
Quando em ti...
Não vês.

Ou me leva
Ou não mais me arranque
A raiz d'alma.
Sem ela,meu chão vira pó.
Sem ti, em pó me
Sufoco.
Como ficamos?
A espera de um sim?
Corra!

Não suporto o peso
De minhas pernas
a andar em cacos de talvez.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Alívio

Escrevo para morar em teu corpo. Para que me sinta a percorrer-te os sentidos e outros por descortinar. Meu toque ou som de fala são intensos e imperfeitos medos de transcrever sinais imprecisos, irracionais; desejos de coroar-te concreto de rascunhos lapidados com a precisão de suaves toques de ternura. Não sei amar em segredo, por isso escrevo. Para dar leveza aos dias em que saio a semear sorrisos colhidos em um brejo dormente de faces desconhecidas. Escrevo para te acordar e suavizar o sonho. Para respirar um ar comum, de sentir comum, de candura lacrimosa, que tomba meu corpo às cartas. Escrevo para que passe. E permaneça em mim.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ócio

Começo a delinear um ninho de sobrevida para encobrir as lânguidas horas dormentes que passam a deixar rastros que aqui são transcritos. Minhas vontades estão, incômodos que latejam a descrença de deparar, a cada forçado descanso, com os imensos passos que distanciam a felicidade de mim. A dor que carrego não está, é; fruto que se recria imponente a cada vez que toco o que mais desejo. Entorpece o meu passar, passando em ciclos permanentes não premeditados; cicatrizes para não esquecer de me afastar de cada noite como esta...

domingo, 9 de agosto de 2009

Desastre do poeta

Letrista, não cantor - ele é.
E o que importa, se ouço-me
Cantada no poema papel sonoro?
Tem mais voz a tez que silaba
Audições sentidas.
Guerreia bemol's em frascos emblastros
Que beberico a madrugadas coléricas
De amores sem paixão.
Eu sou poeta. E não creio
No que canta coração.
E vou perdida, na nota partida,
Numa lamúria; ilusão.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Cícero

Quem souber de Cícero, me avise.

Ele tem longos anos, usa óculos e possui uma barba macia. Diz de poesias bonitas, frases sonoras. Escorre em seu rosto a beleza dos anos em sulcos finos, traços sábios de palavras impressas.

Quem souber de Cícero, por favor, me avise.



segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Negras rosas

Já se apagaram as luzes das rosas entregues há uma semana. Observei a decrescência da vida por estes dias, tendo por companhia um sopro vazio que internaliza tantas dores silvestres afloradas em um cotidiano morto. Estou só e nem sei de ti.

À mesa, uma luz tão inconcreta quanto meu caminho ilumina esta lamacenta e contraditória vontade de ser feliz. E em contrabalança aos meus lentos dedos deslizantes por desequilibrados vocábulos novos que transcrevem perturbações tão companheiras em sua permanente rotina, estão os desejos cumpliciados à busca racional de um encontro menos sufocante, deslizante, incerto. Estou só em você.

Cada lúdico movimento trêmulo de minhas mãos a desenhar-te o sorriso acolhedor despende de meu coração farpas tempestuosas que espalham aos caminhos teus uma sombra de repouso igual ao de tua cama macia. Estou só e nem sei de ti.

E as rosas que ainda permanecem na sala, no canto, no meu olhar, me trazem pensamentos tão incertos e inconcretos quanto tuas juras e teu medo de me fazer feliz. Não tenho forças para levá-las, por isso permanecem. Talvez nem estejam, talvez alguém as leve. Só ou em companhia...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Palavras vãs

São estes versos tão impuros
Que me encontram aflita
A rondar as horas de a ti não chegar
O que em mim lateja e não transubstância
Em palavra de sentido.

Persegue a dor da tentativa
De dizer-te o que não sai
Se não de meu olhar distante.
Prossigo tempestuosas desordens em
Vocábulos levianos que outros chamam poemas
E eu teimo: ermas vontades.

domingo, 19 de julho de 2009

José

"A ausência é um estar em mim".
Carlos Drummond de Andrade

Meu velho;

Diga que não tardará sua chegada. Que logo ouvirei teus passos pela casa, teu cantarolar suave uma saudosa cantiga. Deixe-me ver tua quietude à mesa, a passar o tempo escolhendo cartas enquanto a hora não vem. Receba-me aos sorrisos onde o aconchego me inunda por teus olhos claros. Diga a ela quem aqui está. E me conte todos os dias em que fora estive. Ao menos em sonho, me achegue. Aguardo-te em lugar da saudade.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Marca

Nunca fui digna a paixões
nem passagens.
Deitei meu olhar e ferrei
marca de mim: é ele.
E de viva carne queimou
que sangue escorreu a doer
- deixei repouso marinar vivência.
De declives minha história é.
Os aclives foram, bastantes
horas felizes passei.
A foto, sempre ao bolso do olhar:
quando a gente não quer deixar
finca, fica.
E é de novo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Homem de cachecol vermellho

Pérola falsa
Espuma de leite no café
Um dois, um dois
Não cessa.

Ele sorriu, se foi.
Sobrou a fotografia emoldurada
E um olhar displicente.
Dois não!
Um lá,
um lá.

Me deixa ir.
Três - sempre o outro.
Pode ser
Quente no pescoço frio.

Cigarro.
Beijo branco
- era dele -
Um só.
Na galeria de arte.

Passa os lábios
Flores, pastas e letras.
Três, quatro e ponto.
Mas é que anda frio por aqui.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Ode a parte da fruta

A tampa da laranja está perdida.

Justo ela, tão docinha, último prazer do fruto guardado.

A tampa redondinha caiu ao chão. E eu, pequenina, chorei, chorei.

A tampa da laranja e seu sabor de infância.

Se foi, e eu fiquei.

Grande!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Mea culpa

Por não ter seguido a irracional vontade de ti;
Por ter abafado a cumplicidade de teus olhos;
Pela fraqueza de querer-te feliz, sabendo-te os desejos;
Rogo compassos aos encontros,
Rogo vendas aos outros,
Rogo crer que ela vive,
que nada ruirá.

Alimento-me com nossas fraquezas.

Amém.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Prece

Homem;
Tu encenas perfeito clarão
que alumia o ser.
Teu papel rascunhado,
sobre veio à tua chegada:
era pra ti, se aqui estivesse agora.

Senta.
Pende teus ombros
antes do aplauso. Antes do fim.
E chora.
Chora tuas palavras, canta teus tormentos!
Seja corpo livre a me enganar sob
a cortina vermelha,
sobre a madeira a ranger
sob meu ranger.
Chora comigo.
E grita meu nome
em consonância ao teu;
para abafar aquela miragem
de coração.

Escorre comigo as mãos,
morre comigo, oh homem!
Quebra as taças, as paredes, as vigas
das palavras tortas que não encaixam
no meu viver e no teu.

O que virá do amanhã?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Declaração

O amor é a poesia dos sentidos. Ou é sublime ou não existe. Quando existe, existe para sempre e vai crescendo dia a dia.
Balzac

Desconstruir-te me é mais prazeiroso que ler-te os louvores. Ah, essa delícia de ver-te os pecados, o sangue às mãos, a culpa na face rubra. Não te julgo as imperfeições, as desdobro em insanos movimentos rítmicos. Teu mistério, medo de afirmar-te conhecedor de tuas vontades, é passo dançante ao meu encontro.

E por toda essa batalha que travas diariamente,que reflete na arena externa de teu caminho corrente ao abraço meu, por isso meu amigo, meu amante, meu amor, que te quero comigo.Sei o que nelas causa, este olhar; mas quem o transpõe, me diz? Quem lê o que tu és, por trás deste homem-dia? Responda-me em segredo.

Seria menos perigoso, de menor intensidade, mas não. Só eu sei de tuas inverdades. E por isto me aventuro em você, no teu ser em ti, na alma de tua essência que flamula à minha, ao meu encanto; por ti, somente por ti às horas, sorriso vem singelo. Teus olhos pequenos, ler teus pequenos olhos amenos, palavras dispersas em meu coração. Banho-te os lençóis claros de tua pele em doces beijos, desejos.

Nem era dia e eu te queria como se te houvesse perdido. E mesmo sem te conhecer, mesmo antes de saber de ti, nossas almas já confidenciavam segredos.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Onde

Onde dá pra ser feliz a gente é.

Mas o vento, esse que
tremula a coragem
inquire:
_ Aonde vai?
E me leva sem resposta.

Onde dá pra ser feliz a gente é.

Enraizo palavra
a estender galhos
à brisa - agora é calmo
o choro que
lavro.

Onde dá pra ser feliz a gente é.

Mas eu nunca onde.

domingo, 24 de maio de 2009

Ela, o mar e ele

"Quando eu morrer voltarei para buscar os instantes que não vivi junto do mar".
Sophia de Mello Breyner Andresen
Leblon/ RJ 2009
Quando a brisa vem
percorre os sentidos
e se esvai em um
sopro maior de vento
tufão.

Ancora teu corpo
na areia a olhar
as águas que se
agitam em um flerte
de alma.

Quer adentrar água
luminosa, quer permanecer
n'areia. Engarrafar o tempo
quer, em vão
não!

É atrás da ponte, detrás
da pedra, onde ele mora.
O mar tem olhos verdes
de maré revolta
- parece rio manso.

Me chama em canto
de gaivota, saudade.
Leva e retoma à praia :
mulher de mim
nascente em ti.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Caminhos

Sim Pedro, eu estou bem. Só quero me aquietar dessa multidão um pouco. Hoje o dia foi extenso e estar aqui me deixa feliz e cansada. Venha, por aqui, me dê suas mãos...

Ainda toca aquela bonita canção?Quando te vi novamente, me deliciei com teu encanto. Ah, Pedro, tua pele alva...esses olhos claros...já disse a que me remete, não? Pois bem, tua imagem é linda. Gosto quando contigo estou e gosto mais de te encontrar como um presente aos meus caminhos. É engraçado estar deitada nesta grama, alma a flutuar estrelas e ouvir tua voz a me dizer "está bem moça?". Sim, Pedro, eu estou bem...

Olha ali, por detrás daquelas pessoas...está vendo? Aquele é Felipe, ele é flautista. Eu caminhava por entre todos quando o vi sentado tocando flauta. Gostei tanto que me aproximei e disse "olá". Ele me sorriu e respondeu ao meu dizer, acrescentando "sente-se'". E ali fiquei, ao sabor daqueles sons...Quando disse ser poeta, ele se alegrou e dançou comigo. Sorri, me enchi daquela felicidade simples, transparente. E em meio à dança, soltei os abraços que nos uniam e prossegui chorando... o porquê chorei? Não sei, acho que me senti feliz, viva, e transbordei...pouco antes de você chegar...

Pedro, vamos até ali.
Gosto do frescor da madrugada, desse silêncio que nos inunda. Você não sabe como estou feliz por você estar aqui comigo! Como amanhã acordarei descansada e a ti escreverei. Sei como gosta das letras, temos tanto... Você irá sorrir quando ler essa cena não é?! Eu sei, a pintarei como você gosta, com minhas falas e teu silêncio...Pedro...eu preciso estar bem...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Loucura

Acordo aflita, outro sonho em ti. Dizias que de mim precisava, corri ao teu encontro, estendi as mãos. E você sorrindo me gritou: não! E eu chorei enlouquecida, sem razão clamei teu nome à penumbra da noite e já não sabia se dia era certo ou sonho. Revolvi a gaveta e vi a fotografia de quando encenamos felicidades. Nela, mãos estavam entrelaçadas.

Senti uma voz que dizia que subjeções enlouquecem mentes sãs. E outra vez tua presença a gargalhar o ópio de tristezas delirantes. E a cada lampejo sonoro, aterrorizava-me em uma busca de sentido retalhado, dissipado por abstrações que teimam em enraizar almas na terra a esta hora da madrugada.

Dissolvida a verdade em um copo de angústia que fraqueja a essência de perder o que não importa, vi um vulto a me olhar fixamente; a sugar o pouco de quietude que teima em deixar minha alma acesa. Tive medo do homem que bate na face uma loucura coletiva.

Orei a quem interesse tivesse, que queimasse o entorno que ronda as certezas. Sintonia das horas, passos impressos a edificar uma existência morta.

Sonho saber que o irreal é ponte de atos sem reflexão.
É assim que se apresenta.
A eternidade é uma noite de outono em solidão.

domingo, 3 de maio de 2009

Ben(e)dita Bianca

Quando se quer dizer importante e não vês motivos para usar as palavras; quando o sentir transborda e escorre pelas valas de perdidas ruas; quando as flores murcham às mãos por não haver encontro; o homem ajeita as vontades e organiza o querer. Esvazia o pensar em um gole quente que faz escorrer dentro de si as amarguras das recusas de Benedita. E uma audição lamuriosa faz permanecer no coração o que ele recusa acreditar.

Nos braços de Bianca, além das quatro madrugosas horas, haverão as outras todas que viverá quando não tiver esse enganoso repouso.

E os céus cantam:

Oh Santa Bianca das amenidades imediatas! Valei ao homem os beijos negados de Benedita, o corpo que não encontrara a ofertar afagos valiosos. Sede virtude às ilusões do pensar que amores fulgazes cobrirão os eternos desejos não saciados. Tua paga virá em um céu de trocados sem valor e no esquecimento do que ocorreu nesta melancólica e desgraçada noite.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

À tua graça

Para um querido amigo, com carinho.

Ao sorriso, que tem como fardo, homem;
Ao homem, que tem como sorriso, fardo;
Ao fardo, que tem como homem, sorriso.
Leve dom da graça
de sua lírica identidade:
graça do sorriso.
Farto.
Leve fardo preso a ti.
Aqui dentro gravado
a fardar meu extenso
berço de palavras ditas.
Sorriso farto.
Largo.
A me alegrar reminiscências
sempre que ao vento digo.
O nome que me encanta o riso...

terça-feira, 28 de abril de 2009

Lembrança

Eu te amo.

Me inquieto de você. Te busco em minha falta de sentido,no irreparável grito cúmplice que me acompanha em um doloroso prazer há tanto sentido. Preciso que me cale a dor incessante que inflige ao meu sentir uma permanência de vital perenidade. Serás capaz?

Eu te amo.

É do sussurro que preciso. Não das honras e glórias cotidianas. Do alcance do trabalho, das necessidades dos homens comuns. Das conquistas que nos fazem maiores para os outros. Eu preciso do teu acalanto. De todos os clichês dos amores, da fuga à tarde, do segredo no olhar que antecede um sorriso.

Eu te amo.

De vontade despretenciosa, mansa, lânguida. Da pequenez de meu eu em teus braços. Do aperto de sentir-te envolto a mim, em silêncio. De tua mão a acarinhar meu rosto, meu sorriso, a percorrer meus lábios, a transcrever meus desejos de tua presença.

Eu te amo. E disso não esqueci.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Parangolé de mim

Vem me contar notícias de lá. Vem me abraçar com a compreensão de quando me olha e lampeja: entendo. Sabe, os ares por aqui não são os mesmo de lá. Aliás, lá anda abafado. O tempo sempre cinza, o céu...nem existe mais! Agora é assim, a gente olha pra cima e não descreve. É.

Eu? Às vezes eu caminho na estrada, saí do acostamento. Gosto de ver os faróis brilharem aos meus olhos, e já que não venta, passo rente aos carros pra sentir a brisa das estrelas perto de mim. É engraçado...mas dói. E fica mais engraçado ainda... Ah, e por falar em estrelas, não acredito mais nas cadentes. Um segredo: elas não realizam desejos, me enganaram...você sorri? É verdade, pergunta praquela ali...

Um dia, eu vou conseguir. Sei que sim, viver assim não é bom. Mas dói, sabe?! De novo. É sempre assim....Ele? Ah ele me faz sorrir, é uma graça! Mas não me transcende a alma . É, eu sei. Mas o que que tem? Se fui eu? Não, não fui. Sim, é isso: que fizesse algo. Pois é.

Eu não sei. Não consigo. Está mesmo, e quando o tempo fica assim reflete em mim. Muito, muito mesmo. Não, não importa. Eu? Demais, todo dia sem faltar um. Ainda, até hoje. Foi. Não, não mais. Também acho, se fosse... Queria demais, ele iria adorar. Lembrei sim, e adivinha? Sempre.

Agora eu preciso ficar aqui. Eu sempre fico. É, deve ser por isso sim. Esconder? Não, engolir, até morrer com meu veneno. Até.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Alento

Uma canção nesta noite cantei. Acalanto lacrimoso de sangue que não chega ao chão. Gotejo um brincar derramando nas suas e minhas mãos um desaguar de notas rubras, vergonhosas, traiçoeiras.

A canção me deitou ao chão molhado pelo orvalho frio, lambidinoso que me toca a pele. E o sangue de mim, amassei com o coração embebecido de razão, que grita a dor que unge meus dias. Ah!, essa lamúria que não cessa, esse desespero homem que não cede à minha tortuosa fuga.

Ressurge diariamente e me faz negar o que ainda me grita: as mentiras que canto, são para esquecer o que a todo instante me vem em dó maior; notas que adubo, mortas. E meu clamor, cântico circular que de mim sai, mas fica, não chega onde precisa.

E em meio à noite escura, olho para o céu. Ele também sangra e goteja. E me pergunto se ai também assim ele se apresenta.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Desespero

Escrevi todas as letras
Busquei sentidos que não havia
Gritei aos deuses o encontro do
entendimento.
Mas nada
Nada, nada!

Me ocorreu sair pelas ruas veloz
Adentrar becos sombrios
Beijar o homem
Despido do fato.
Mas nada
Nada, nada!

Resolvi não pensar
Me aventurar em ladeiras
Cegar-me às luzes
Esfolar meu querer
Mas nada,
Nada, nada!

Nada de tua força
A dizer que tudo importa.
Nada de mim em ti,
Nem um querer concreto.
Somente um nada,
Mais nada.

Nada de teu encontro.
Nada de tua chama.
Nada de quietude.

Meu fim.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Insensatez

_ É vermelho.
_ Não, é azul.
_ É vermelho.
_ Não, é azul.
_ Então descreve.
_
_ Descreve a cor!
_
_ Fala o que é a cor.
_ É azul.
_ O que pra você, é o azul?
_ É o meu sentir que lá está.
_ Feche os olhos.
_
_ É meu sentir vermelho.
_ Mas é azul.
_ Descreve o que sente, cria!
_ O que vem de tuas letras, é difícil.
_ E teu azul é uma ilusão.
_ Teu vermelho é uma mentira!
_ É a descrição do que vivi sob meu olhar.
_ E as letras difíceis?
_ Se o que escrevo é difícil, é porque sinto difícil.
_ E quanto ao vermelho?
_ É por si, nada posso com ele.
_ E o criar?
_ O criar? O criar doí a dor que há em mim.
_ Você não percebe.
_ Eu sinto o perceber.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ir além dos sentidos

Noite alta se apresenta. Rabisco frases dispersas que dizem por si o que se prende aqui dentro, sem que o queira. Alma despida descortina uma nudez vívida de definições paralelas: ordeno a minha permissão a se fazer presente. Agora! Balanço leve ao som do que cala. E assim, ao vagar pelos limitados baços cotidianos em que clausura vivi por tempos remotos, brota e nutre ensejo claro aos olhos meus; e em um deleite harmônico de sinestesias degustativas, me embalo em paradoxos paralelos. Cumpra-se o acompanhamento, emparelha-se destino.

Sussurros noturnos paralisam meu caos.

Caminho a passos de lampejo, sinto me acompanhar breve instante de calmaria e desconcerto... Luzes se ascendem e apagam, como vagos-lumes que direcionam meus passos. Mapa entregue aos teus olhos. Limiar que alinha meu viver ao teu. Sabor.

Soturnos deslizes premeditados.

Meu aroma segreda à tua percepção: enigma que penetra a pele através do mar que inebria meu pensar. Alcança as profundezas do que beira a inconstância do que virá. Nossas mentes são palcos solitários. Nossos dizeres, dispersos pelos múltiplos entendimentos. Que esta não seja minha sina; que o motivo do meu desabafo ceda à calmaria de água nascente. E que desça cachoeira...e que inunde tudo o que aqui está.

Para ouvir Ir além dos sentidos

domingo, 12 de abril de 2009

Sua

"Todo o existente nasce sem razão, prolonga-se por fraqueza e morre por encontro imprevisto".
Sartre

Sua falta de jeito em lidar com o mundo; sua fuga no olhar - que não vem - quando encontra o meu; sua transpirante timidez em que me adentro...

Não gosto do que tu és. Eu gosto do que sou quando em ti. Da força que me vem, do meu domínio, das fronteiras que ultrapasso. E do seu gosto. Do seu pedir mais. Sorrindo, impero sob tua quietude, digo chega! E eu gosto. E você, pede mais.

A melancolia que pende em teus ombros; a surpresa de ver-te sem roteiro, sem rima; o gozo do gosto teu sob meu reino...

Lambuzo teu olhar e me fortaleço com o não saber de ti. E o som aumenta. Ele me fala, eu não quero saber! Eu quero você, e não ele. E mesmo sem saber você gosta. E pede mais. Mais de mim. E eu gosto. E me dou mais e digo chega! E você pára. E vem...e eu gosto. E você gosta. E pede mais...e eu vou. E eu sou.

Sua.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Sentença

Está clara como a madrugada de março;
Silenciosa como a mudez do telefone;
Imersa em remédios que não chegam à alma;
Ditas ao movimento do carro a negar o fato e a reforçá-lo ao imaginário do outro -
que segundo os dizeres, sempre o cria.
Ato consumado.
Confirmado.
Houve traição.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Apoteose

Inspirado nas belas imagens do Sr. do Vale.
Empunho estandarte
De vontades infindas
Em praça pública.
Ah, se soubesses que
Minh´alma flameja
Pelos espirais de teu
Corpo, entrarias em
Mim feito apoteose
Nas plagas dos prazeres.

Fantasio-me de lânguidos
Segredos para descortinar
O céu rubro de tua face.
Na enxurrada de cores,
Confeito-te d´amores
O eco do que guardo
A noite pra ti:
na sinuosa avenida
desfila meu desejo.
Saciai-o!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Tango

"...quando você faz a minha carne triste quase feliz..."
Zeca Baleiro


Se postaram frente um ao outro não respeitando o senso da boa distância física. Fincaram olhar que alienava tudo à volta. Até que um deles fugiu em um golpe de retorno, em um virar de face que negava os dizeres dos olhos que o delatavam. De seu próprio relato ocular; sua confissão.

Ao meio sorriso estava; ao sorriso do abismo que gentilmente conduzia seus passos; ao braço cujo corpo ofertava costas ao outro peito.

E rodaram gotas de sangue em um ir e vir de força que mescla um espiral de amor e amor.

Giraram até quando não mais sei.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Alcance lúdico

Não acenda a luz, Rubem.
Não acenda, não...
Por que esse mistério de sorriso, Rubem?
O que buscas em mim neste escuro?

Ah Rubem, senta aqui ao meu lado
e me diz:
o que te falta aos dias?
Por que me olhas assim?

Rubem, veja, aqui...
Percebes?
Eu estou com você.
Aquiete.

Ao meu lado, fique!
Teu sorriso ao meu lado.
Feche os olhos Rubem.
Este sopro...
Este sopro...
que te aperta forte...

Sou eu.
Dentro de ti.
Aquiete...
Estou em você.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Templo de ausências

"A angústia de ter perdido, não supera a alegria de ter um dia possuído" Santo Agostinho

O luto é um templo onde vou adorar meus pecados e dores pelos dias. Nele contemplo anjos e santos de pinturas descascadas, sem cor, sem vida; onde acendo minhas velas que não se apagam, em uma tola tentativa de iluminar meus pensamentos.

Em sua negra nave caminho rumo ao altar ornado de ausências inúmeras. Me ajoelho a derramar lágrimas de saudades, de indignação e raiva. E nesta hora não vejo nada além de mim e do meu querer.

É nesta casa que elevo minhas mãos e clamo a retomada das felicidades de outrora. Daquele aconchego morno, cúmplice e discreto; verdadeiro. Onde me despeço das alegrias e vou, cambaleante, ofertar flores aos mortos que partiram e pérolas aos que perambulam no meu limbo diário.

Onde sinto a impotência dos segundos; onde os dias são lineares; onde a ausência é matéria da fôrma de mim.

Porque tem dias que é insuportável. E não passa.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Chuva

Quando de dias chuvosos, meus olhos se elevam e pecam. Sentem inveja das carregadas nuvens e atuam de modo a imitá-las, sem que haja aparente motivo para tal feito.

Meu ser venta quando destas ocasiões. Um vento frio que percorre meus pensamentos, coração e adentra minhas veias, tornando gélido o sangue que por elas percorre.

Me enlaço então, em um abraço carregado de desejo e quietude. E permaneço ali, a sentir-me em você, a ser criança em primeiros passos frente aos pais...teus braços abertos estão, há de carregar-me ao calor de um novo dia.

De um novo tempo.

terça-feira, 17 de março de 2009

Paz de ti, em ti

Estais a porta com a felicidade nos lábios à minha espera. Porta um alinhado tom de equilíbrio que se esvairá ao meu encontro.

Digo.

Terna tua presenta a inundar-me de sabores e acolhimento. Me entendes a alma. Entendo teu corpo. Te necessito mais que a mim. E nos embalamos nesta esfera poética, real, de carne e pele. Clamo-te parte algoz que devora minhas palavras antes mesmo que eu as diga. Ao meu passo, lado, frente. Aqui dentro. Devore-te os olhos, corpo, sereno tuas dores e prazeres. Aqui dentro.

Recebo-te.

Entras pela porta a agitar braços e pernas e porquês. E me viras a face ao silêncio de nós. Nós. E as janelas, o vento, o som da música vem, vai. Ai! E o ir e vir, o dia claro, onde está o céu?...as estrelas...prossiga, me sinta, te vejo. Em teus olhos, aquela que pela manhã perdera a hora. Por achar a noite perdida ao passo do negro céu de lágrimas trovejantes.

E a paz de ter-te zelado o segundo.

E vou sem ponto ao encontro do passo que neguei. Porque o mistério, um dia, chega ao fim.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Esquecimento

As asas quebraram em meio ao voo alto. Caiu o pássaro ao chão. A menina veio correndo ao seu encontro. Queria fazer algo por ele, mas nada havia que se fizesse. Chorou. Ela amava aquela ave... e queria lhe emprestar as recentes asas ganhadas pela fada do dente, mas tempo não havia mais.

O pássaro a olhou antes de partir. Sentiu soltar-se a vida com a intensidade do vento nos céus... fechou os olhos em uma queixa final. E se foi.

Ela o enterrou ao lado de sua cama. E nunca mais nele pensou.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Receituário

Flutuar inquietudes
de um desejo construído
ao delírio de espasmos
regulares.

A receita para sarar-te
os dias é prescrita a
purgar sua dor.

Três gotas de fugacidade
Uma imersão de fatalidade
e um eterno repouso
absoluto.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Compasso

Para Filipe.

Gotas de orvalho dançam sobre o ar. Te vejo a caminhar por elas, a subi-las como a degraus de transparente chão. Esta é a imagem que tenho de ti. Buscas um entendimento de roda; está ao seu alcance, mas não o toca. Ou não deseja, pois ficará despido de ti.

Sentada ao banco do encontro catando palavras que borboletam ao redor das flores de pensamentos abstratos estou. Tu caminhas ao som de orquestras a revelar-me segredos aos olhos, que encobertos por um véu estão. Nada além me faz querer-te com ternura. Apenas ternura e encantamento. Visão de aconchego. Rodo contigo...

Desces do céu e me contas brisas de tuas dores. Ventamos em canções de porquês...Vago divagar de palavras que amenizam nossos labirintos cotidianos. Somos um sopro de luz ao encontro da busca; ao encontro da completude que nos ronda sem que permita o toque . Ronda à roda...

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O dia amanheceu amarelo...

Doze girassóis numa jarra, Vincet Van Gogh (óleo em tela)



Há um segredo a ser desvelado pela vida; há um querer, canções e girassóis...quem sabe do mistério guarda felicidades no campo...flores, flores e flores...e um sussuro...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Ciranda

Ao deitar, ela segura as mãos dele junto ao peito. Assim, paz teriam seus sonhos.

Haviam noites de sonhos de paz em mãos de peito; de paz de mãos ao peito dos sonhos; de sonhos de mãos em peitos em paz; de paz em mãos levadas a sonhos de peito.

E de peitos de mãos sem sonhos, sem paz.

Esta é a ciranda.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Vertigem

Passos em falso.
Tropeços.
Quedas.
Há que se errar,
Entenda.
É permitido.
Entenda.

Caminhos turvos
Vertigens,
Trôpegas pegadas:
Entenda.
Estradas de chegadas
Levam partidas
Para nunca e
Fim.
Entenda.

É fatídico.
Entenda.
Concreto chão
Que não sustenta
Deslizes.
Entenda.
Aconteceu.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Aniversário do Degustação Literária

Queridos amigos.

Hoje é um dia muito especial para mim, pois este espaço completa um ano. E que ano maravilhoso! Muitos encontros, experimentações, artes, amizades, sorrisos e até algumas lágrimas.

Sou completamente apaixonada por literatura e escrevo desde os doze anos. A idéia do blog surgiu por uma necessidade de exteriorizar uma arte de catarse, de afirmação, negação, de belezas, levezas... E aos poucos a brincadeira se transformou em uma parte de mim e os textos foram se conectando de alguma forma. Recentemente brinquei com um amigo dizendo que somos a nova geração literária (sempre pretenciosa..rs...), "os degustadores"!

Me encanto com a pluralidade de conotações que um texto pode trazer, com o fato de muitas pessoas se identificarem com estas letras e me "sentirem" de alguma maneira.

Desafiei alguns amigos queridos a expressar, de alguma maneira artística, a essência deste blog. E recebi preciosidades. Convido vocês a clicar nos links abaixo para sentir o que cada um expressou. Nos nomes, você poderá conhecer um pouco sobre os blog´s e canais do youtube destes queridos amigos.

Obrigada a todos que visitam este espaço, aos amigos de Portugal, aos que acompanham o blog, que o linkaram, que me mandam email´s...enfim...a todos vocês.

Abraço forte com sabor de felicidade!

Francisco Crescêncio Júnior - Degustação de Cordel

Francisco não é blogueiro, mas é poeta e músico nas horas vagas. Me pediu para musicar um texto, "Querem me amar" e eu permiti. Fiquei surpresa com a brincadeira, a música ficou com um gostinho de bossa-nova. Em breve vou postar.

Francisco, obrigada por trazer uma nova experimentação a estas letras. À nós, novos desafios musicais...


Degustação em Cordel

O amar, sempre exigente
Degusta
Dias, tardes, manhãs
Posso degustar sua casca
Na crueza cruel da maçã
O tempo masca as gomas da infância doce e ligeira
Degusta quem tem juízo:
Qual Kant em ontologia mineira
Basta um impulso da língua em direção ao que é
E a degustação se confunde com cálido sabor das marés.

Degustar é negação do olvidar
Aguçada elevação do querer
Que possuí em si suas regras para que possa aprender.
Que o desejo não se faça tarde
Que o ator não seja covarde
E se atire sem cordas ou destino
No desatino essencial de encontrar
Que consiste no choque assombroso entre a busca e o próprio lugar

No gosto de beijos de amor se pode fazer um lar
Nas delicias de histórias de fada uma criança a sonhar
No paladar vigoroso um Drummond a saciar
Na cozinha da vida prosaica venturas experimentar
Degustar os vinhos da existência
Entre dores e pisoteios
Degustar é sorver a história
Que a vida é fim e meio

Na boca da noite fria a solidão degusta humanos
Em pratos de louça branca a fome degusta seus planos
José degusta Maria
Maria degusta seus filhos
O trem degusta e com pressa,
Engole e devora os trilhos
No amor,
Na necessidade
Na paz,
Num blog estelar
Degusto diariamente a arte de degustar!

Flavitcho - Degustação

Ah, o Flavitho é um amor. Eu adoro, digo, atoron, esse menino. Me identifico muito com as histórias dele, sempre cheias de encanto, de surpresas, de sabores... Tem um futuro maravilhoso à espera deste amigo querido. O blog dele é este aqui Divagando e aprendendo. Ou não!

Flavitcho, pensar em você é sentir alegria. À nós, muitas divagações e respostas...


Degustação

O sentimento transborda.
Há quem o liberte.
Há quem o guarde.
E há quem o liberte guardando:
Degustação.

Sentimento puro.
Toques de criatividade.
Releituras, intimidades.
Sempre sentimento.
Seja nu ou vestido,
cru ou cozido:
Degustação.

O sentimento chegou
e aqui encontrou o seu lugar.
Combustível dessa gente
que vive de amar - e sofrer.
Expressão, emoção:
Degustação.

Depósito de sentimentos.
Coleção de fatos.
Choros, sorrisos.
Emoção, reação.
Fui convidado a degustar.
Degustei...
E gostei.

Filipe M. Vasconcelos - Paladares

Adoro me ver nos poemas de Filipe. Eu sinto os poemas dele, me mesclo e vou...Suas letras me trazem um conforto de entendimento. E é sempre bom perceber os olhares dele aos meu textos. Este amigo, dono do blog Plurissignificativo , tem um dom maravilhoso, é um poeta de essências.

Filipe, obrigada pela amizade, companheirismo e presença. À nós, vários cafés...


Paladares

Entre poemas,
me perdi
Me perdendo
Não pude lhe encontrar
Nas sombras dos seus versos
Construí
Labirintos sem pensar

Escrevias, pois, poesias doces
Tão saborosas para degustar
Mas com o passar dos anos
A doçura dos seus planos
Criou versos
Tão amargos para amar

Portanto me recolhi,
E tive medo de saborear
Os versos de outros amores
Cujos espinhos de todas as flores
Só faziam me sangrar

Assim me despedi
E recusei os meus sentidos
Mas com o tempo aprendi
Que o sabor das coisas que vivi
Esteve nos erros aprendidos..

Euzer Lopes - Degustar

Metendo o Bedelho é um blog delicioso. Sempre que vou ler as letras de Euzer me divirto muito. Este amigo me alegra com seus comentários, com os apelidos carinhosos, com suas histórias. Que bom que encontrei você e seu maravilhoso espaço.

Euzer, pensar em você é pensar em companheirismo. À nós, todas as alegrias do novo...


Degustar
Degustar
Gustare.
Gostar,
Gosto.
Em agosto? Setembro? Primavera? Verão?
Sem desgosto.
Gosto gostoso.
Gostar. Degustar, apreciar, paladar.
Sabores.
Nas mesmas vogais: amores.
Amores degustados
Amores gostosos
Amores gostados.
Amores digeridos.
Amores desamados.
Amores contados em blogs.
Amores postados e comentados.
Amores vividos.
Sabores de amores.
Degustação de leitura de amores.
Degustação de leitura.
Degustar...amar...viver...

Alex Barzan

Alex tem uma paixão que me encanta: ele vive o piano com uma intensidade, com um gosto de necessidade, que é maravilhoso. Além de ser um excelente pianista, tem uma sensibilidade artística rara nos tempos atuais. Possui um canal no youtube com algumas de suas interpretações, este aqui Alex Barzan . Se brinco que nasci na época errada, ele então...

O vídeo abaixo é um improviso no piano que diz tanto... para ser degustado com olhos e ouvidos.

Alex, obrigada pela presença, pela sensibilidade e pelas críticas. À nós, uma explosão de emoções...

Alam Oliveira - Deglutição Literária

O Alam me aguenta várias horas diárias, trabalhamos e estudamos juntos. E de tanto ouvir " Tem post novo, entra lá no Degustação", acabou sendo um divulgador do blog. Ele sempre, sempre, quando em referência a mim, cita o blog, seja em qualquer momento. Não resistiu a essa maravilhosa blogosfera e criou o Revolução 29.

Alam, obrigada pela divulgação e presença. À nós, tempo livre para a escrita...


Deglutição Literária?


Em um espaço virtual o leitor depara-se com o real e imaginário; e ainda possui prazer em saborear ou, em uma metáfora avaliar pelo paladar as palavras, que mesmo tendo significados carregados e negativos são transmitidas com singeleza e perspicácia que conduzem quem as lê à reflexão crítica ou emocional.

Quem degusta não degluti apenas, mas diante de poucas ou muitas palavras se depara com o sabor das palavras em contextos diversos.

Parabéns Fernanda, autora, idealizadora e escritora do “Degustação Literária”, que em apenas um ano conquistou leitores, amigos e o interesse de muitos tantos outros em utilizar parte do tempo que utiliza a internet neste espaço enriquecedor!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Entrelinhas da percepção

Sou como você me vê.Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania.Depende de quando e como você me vê passar.
Clarice Lispector
Pois era apenas
um sorriso mudo.
Uma timidez obscena,
calculada,
de uma metódica
sensualidade.

Pois era uma esquina
abstrata da vida.
Um encontro fortuito,
um desarme despojado
do que sou.

Pois era um brincar
ilegal de ocultas
palavras, de embalos
e silêncios sussurrantes;
traço fino de
múltiplas revelações.

Pois era um desejo
ânsia de um querer;
grito sutil
de ser este
por mistério.

Pois certo é:
meu corpo,
encaixe perfeito
de tuas mãos.
Me leve.
Eu te sinto.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Ménage à trois

Três verbos distintos
em um corpo.
Três verbos distintos
em um corpo.
Três verbos...
um corpo
um corpo
um corpo.
Três corpos distintos
um verbo.
Três corpos distintos
um verbo.
Três corpos...
um verbo
um verbo
VERBO.

Quem é o pai
dessa criança?

Andante com moto (Beethoven/Liszt por Glenn Glould)



Porque hoje choveu e fez frio.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Poeminha mineiro


Tempo eu já quis
pra entender o que
ele me diz de ventania.

Pra vida, pé pra meia,
meias verdades esfriar
e aquecer o que é
de ser sim. Sempre
será.

Olha as alterosas
desta terra linda!
Vem pelo trem que te
aponta em casa.
Apeia aqui.

Traz um sopro de mar pra
perto de mim.
Diz que sim.
Traz esse meio sorriso
pra junto de mim.
Juntinho assim.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Carnaval

Laboro inverdades
lustradas pela ilusão
de dizeres sem profundidade.
Alucino-me de criador
em obras mal construídas.
Espero rasgar minha essência
e fazer dela confete.
Para chegar-te em festa.
Cantar o tom do esquecimento
que toca tua canção.
Lapidar, sem pretensão,
as horas - já não importam
os horizonte que avistei.

Par de tangos, meias e metades.
Só o crivo que separa
a felicidade e os outros.
É este, é aquele, é o não.
A clave que vibra
o vislumbre do talvez.
Do desejo, da dor.
Suspiros e declamações!

_Toma:
pra ti.
Quando seria - ou será?-
nós?

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Morte diária da vontade

Os chinelos deslizam por seus pés até o alcance do chão. A noite chegou. Enfim. Teu corpo será aquecido por um grosso tecido que pesa menos que tua morte diária. Onze horas. E ele cava a olhos fechados a vontade de séculos imediatos. Cada dia é uma morte. Entende o porquê de os velhos caminharem a passos de lentidão: querem que as horas sejam mais velozes que a eternidade de suas inconcretudes.

Pensa, por anos, ser senhor do tempo. Todos eram. Só que ele era único. Modelado pelo cimento do mundo, de todas as vontades. E as suas, onde estavam? Perdidas pelo comando de teu senhor? De teu súdito?

O meu querer no tempo do outro. A força que move – ou paralisa – os dias, presente. Onde está a essência que alimenta e nutre meu viver? Abafada pelo tempo que não diz de mim....? Perdida na cama maquinal da rotina que queima meu pensar..?

Tem presa. E rodopia viciosos pensamentos cíclicos perdidos que não movimentam. Faz-se crer que teu tijolo ali está. Fecha os olhos. Para amanhã morrer novamente. Para cuidar de sua inutilidade histórica.

Do outro lado da casa, em outra cama, jaz outro corpo a respirar desejos e vontades. A construir um tempo que não pertence. A embolar os pés nos dias. E em outra, outra, outra...

O que difere tua existência da hora de todos? Porquê a tua vontade e não a dele? O que te faz merecedor do tempo?

Levantou da cama, quebrou as horas e viveu a noite - a madrugada possui raios que alimentam almas contrárias à dança da multidão. Eu quero meu passo. Eu quero a noite. Eu quero meu viver.

Saiu a dançar palmas e coragem; modelar a linearidade com traços de sofreguidão e carícias de real desejo. Renasceu até a sua morte e foi feliz por si.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Aos caracóis

Sabe por que não permito que sejas meu? Tem desespero teu semblante. Que pena! Seria tão bonito caminhar pelas ruas ao teu lado. Ouvir o som da sua música, cantar ao tom do seu violão...que pena! Não sinto sua amplidão, tua ânsia abafa. Pra quê faz isso, menino? És tão bonitinho, a me sorrir com estes olhinhos cobertos pelos cachos teus...ah menino...se soubesses como é fácil chegar-me. Difícil é ter olhos de tranquilidade para ver-me os caminhos. Menino: ainda tens muito a saber sobre mim...acalme-se,assim digo não, não... Torna-te homem primeiro depois diga-me os ais. Aliás, por dizer-me é que perdes a hora. Menino: me faz sorrir a tua inocente vontade...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Universo na Savassi

A poesia é sintomática.
Do charuto e da bebida russa
saem verdades
a desfilar pelas ruas da Savassi.
O café está em prantos.
O dilúvio é trazido pelo jazz
que ressoa lágrimas melancólicas.
À mesa ao lado,
uma alma velha
rasteja um jovem
corpo.
Cambaleia lúcido
a emudecer os lábios
com água,
apenas.
Me olha.
Não sorri -
mas é como se estivesse,
para mim .
E neste instante
é meu abraço,
meu pranto.
Toda existência do mundo
na figura sem nome.
O homem e eu.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Sangue, essências e aromas

Estou farta de belezas poéticas que não mais me alimentam. Do temor que me assombrou pela manhã, quando de sonhos acordei aflita: findavam os livros, que momento chegara que as letras se acabaram. Percebi que minha vida não era de viver. Era de ler.

Já não quero compreender, apenas sentir meus enganos. Nem sempre é bom ser poeta. Cria-se estória com tudo, até com a vida.

E quando de remendos vejo versos que me germinaram a alma - contrários também são verdadeiros - atiro-os a quem quiser conotá-los à vida de frouxos laços.

Que a amplidão do mundo embaralhe este emplastro de letras e extraia delas força a unir e não separar. Já que a vida carece ser acolhida, não a deixa ao dissabor do tempo.

Amigos mais que especiais

...porque eu amo muito e tenho muito orgulho! Porque é assim que sou muito feliz...sempre... que a gente nunca se perca...e que só aumente mais essa turma maravilhosa...amo vocês!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Abraço

(Starry Nigth - Vicent Van Gogh)


Conduzir teus passos.
Digo siga
E o fazes.
À direita, à esquerda
E andas.
Não o faço ao
imperativo.
Mas ao cuidado
de querer-te bem.
Tenho por desejo,
com tal feito,
conduzi-lo às lágrimas
e sorrisos
sem dor.
Quero que te vejas
gigante em acolhimento
não rejeites os braços
abertos que por ti passam.
Ame mais.
Sinta mais.
E leve, leve
caminhe pela natureza.
Adormeça a dor que te grita os dias.
Me dê as mãos:
Vamos voar neste céu azul
com os pés fincados ao chão.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Eterna efemeridade.

O sorriso que me fez querer mais que o tempo.

Espelho de efêmero momento.Foste minhas inverdades coléricas por um segundo. Me destes adeus? Nem sei, estava inebriada de vontades infindas, envolvida por ti. E meu pensar estava a rodar por teu sorriso. Será mesmo que estivemos juntos? Me negastes o tempo. Teus dizeres passageiros foram. Contrários aos meus pensamentos. Mas teu sorriso e sabor gravados em minh'alma. Foste meu inferno, meu contrário. Em poucos minutos nos desentendemos e nos encontramos! Foste único por esta essência. E te perdi neste tempo. Onde estás que não aqui ao meu lado? Bailamos tangos quando de novos sons, experimentações musicais. Brincamos com nossos quereres. E aqui estou, a me penitenciar por ti. E ao sabor que o desabor de minhas palavras te ofertei, calastes com nosso silêncio. Silêncio que me ofereceu em troca de sentir o sabor de minhas palavras. Dei-te o privilégio de ler minhas letras no berço de meus sons. Foi o que me marcaste em ti.
..então deixo. Para que não me esqueças jamais. Não teria sido belo, se diferente fosse.
Adeus!

sábado, 3 de janeiro de 2009

Sobre corpos e almas

Então o brado que ressoava no cume da montanha, que retumbava a ecoar os horizontes, me trouxe flores em cesta de manhã clara. A noite perdurou a eternidade da sofreguidão alcançada pelo êxtase sublime de percorrer a caminhada a passos de leve pena. Está sentindo? Um forte cheiro de rosas...onde estão? Abaixas e pegas o pó de outros passos. Sopra em sentido caminho contrário. E as mãos se entrelaçam à madeira que talhamos em golpes de suspiros. Deitamos descanso seco em relva molhada. Há uma clara estrela no céu a iluminar todo o frescor da chuva em tua face; de felicidades se derrama. Nos encontramos. Enfim.
 
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Degustação Literária by Fernanda Fernandes Fontes is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.