domingo, 4 de maio de 2014

Tarde

Caminho ao passo da velhice, como se meus jovens anos não soubessem do tempo em que vivo. O feixe de luz por entre os prédios, o bater de asas do pássaro, o menino que lê e sorri, são como fantasmas em meio ao caos diário, por onde a ordem agora se faz razão de ser. 

Ninguém os vê, além de mim. Devaneio. Atraso meus deveres, minha rotina a contemplá-los. O mundo corre. Perco a hora - que se esvai veloz pelos ponteiros do relógio. Não há espera. Ninguém me espera. 

Quando percebo, o sol já se pôs. A porta está fechada. O tempo não se encaixou às horas. 

Eu era sozinha.
 
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Degustação Literária by Fernanda Fernandes Fontes is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.