quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Emulação

Rosas vermelhas já foram belas.

Percebi meu envolvimento quando a vi ao lado dele. Bobos os dizeres que ouvi, cena estúpida e dramática presenciei. Foi quando os raios da negra lua meus olhos cegaram. À direção deles segui.

Grito contido. Um estrondo aqui.

E os carros em minha direção. A todos encarava, passo contrário ao caminho dos faróis. Ando a desconfigurar alma inebriada; pensamentos múltiplos são como catarata aos olhos calejados.

De roupas rasgadas, fiz vida em retalhos.


Rajadas perceptivas modelam meus atos. Meu mundo crio eu. Meu vale, meu abismo; covas lavradas por um passado que se retrata aqui presente. Por outras mãos, outras pás. E as luzes dos carros meus olhos clareiam.

Estrondo.
Socorro.
Piedade.

Bons os momentos ao lado teu. Tua boca, teus dizeres.
Quando de noite chuvosa, desperta-me o calor que o vento frio retira.
Eterno teu amor, meu viver.
Sem horas marcadas.
Apenas você e eu.
Agora, para sempre.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Casualidade permanente

Parecia noite soturna a princípio, mas um clarão alumiou meus olhos. A passos lentos se aproximou, e ficou ali sem nada dizer. Taça à mão, olhar distraído como quem nada vê e tudo procura. Sem que se apercebesse, observei-o em seu vagar. Senti adentrar-me segredo.

Os pés marcavam o passo lento da canção instrumental...Batidas ritmavam-no e meu pensar; e em um deleite breve de espontânea curiosidade, portei-me a sua presença. Certeiro meu agir, instantânea compreensão. Havia um jogo claro, estratégico meu pensar. E deixei-me enganar ao acreditar que os dados em minhas mãos estavam.

Enganada por vontade, por minha permissão. Me deixei ir além. Sim, havia desejo.

_ Poderia, por favor, me dizer o nome desta canção?
_ Desculpe, não compreendi.

Se aproximou um pouco mais.
_ A canção, a conhece?
_ Não, acredito que não. Gostosa.
_ Sim, envolvente - sorriu largo e macio.

Os cabelos, prendi com as mãos.

_ Teu brinco me diz muito de você. Gosto dele.
_ Obrigada, mas não ouço dizer nada - e um gracejo bobo arrisquei.
_ É delicado, atente...diz agradar meus olhos.

Pensei não me envolver, não sou hábil nestes terrenos. Mas quando retornei meu pensar, as palavras foram mais ágeis.

_ Preciso de outra bebida, vou buscar...
_ Não, por favor. Faço questão.

Destilamos fervor de pensamentos e palavras.
Ansiamos versar prosa e entendimento.
Cruzamos metades e aceleramos hora. Felicidades são fugazes. Esta não poderia ser efêmera. Não pelo prazer que tal conversa proporcionara.
Pedi um verso.
Ganhei regular movimento aleatório de eletrocárdio.
Ganhei canção.
Senti.

domingo, 26 de outubro de 2008

El tango de Roxane (Por Jacek Koman e Ewan McGregor)



Gosto da intensidade desta canção. Belíssimo tango! Bailemos!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Plenitude ritmada.

Não mais gladiar batalhas sem o definido
porquê de guerras.
Armas apontadas ao horizonte, meus braços dizem
não mais saber seu peso.
Cansaço, confusão e sangue.
Pedaços são o que restam
para o resto de meu penar.
Digo bandeira branca ao céus
mas teimo em soar o brado
que silencia meu entendimento.
Por hora fico, ora vou.
A galopar em meu cavalo de guerrilha
rumo às ruínas a serem erguidas.
Com a visão turva do que é.
Do que deixo de ser.
E do que sou.

Vento, sopre um pouco
mais perto.

E me inunda um vendaval....
Ar que inebria
os sentidos fragmentados
de um sopro contrário
à pulsação que me leva
carrega,
embalada,
conduz.
Alucinada,
engasga
engole
saliva
respira
respira
respira
aquieta
(sopro)
acalenta
(vento)
suprime
(guerra)
aquieta
(respira)
adormece
(aperta)
sente, sente
sossega
Calmaria.


Riacho de paz
a correr pelos vales
da clara noite leve.
Leve com o vento.
Leve como o vento.

domingo, 19 de outubro de 2008

Musa

Não morra sem que antes tua alma seja cantada por um poeta. Perderias o gosto de se sentir pleno pelos instantes que o gozo literário proporciona a poucas criaturas, fruto das mais belas palavras.

Permita que pelos ares, teu nome seja cantado em versos e notas. Que o poeta te alimente com palavras que toquem teu âmago e o de quem teu nome ressoa.

Se sentirás como se caminhasse pelas horas, passando pela cidade...como se sua alma fosse despida e não houvesse corpo...como se apenas essência fosse.

Teu ser em versos, notas e canção.

Quando de rimas, canta um passado...quando de brancos versos, futuro anuncia...És cor, vida, sinestesias degustativas a preencher paladares sedentos de belas palavras...

Se sorte presente for, terás dois em um momento. Se a felicidade plena te invandir, não somente a alma será cantada...mas a carne. E um gozo de luz invadirá sua existência.

Serás pleno. Eterno. Nada mais.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Arco-íris

" E no final assim calado/ Eu sei que vou ser coroado rei de mim". Marcelo Camelo

Por vezes se faz necessária a face ao chão para que se perceba que pedras não são estrelas. Por outras, joelho machucado, pernas à doer para que se descanse rumo à nova caminhada. Por estas, água límpida a matar a sede há muito sentida. Não mais o sol à cabeça. Agora, vejo-o nos olhos. Encaro-o de frente. E me vejo arco-íris após a chuva. O ouro, sou eu!

sábado, 11 de outubro de 2008

Desejo de solidão

"...Que minha solidão me sirva de companhia. Que eu tenha a coragem de me enfrentar. Que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo." Clarice Linspector.

Quero estar só, tendo por companhia saborosa bebida que alimenta meus versos. Hoje não te desejo, não se sinta por isto. Saia só, dizemos ser bem um ao outro. Mas agora, o bem para mim se faz por meus versos bordados. Pelo calor desta bebida que me aquece. Entenda.

Cansada da presença de todos estou, preciso de mim. De cuidar de meu viver. Quando deste desejo, ouço por outros diferença. Nova é minha vontade. Não busco compreensão, entendimento. Busco concretizar meu desejo, e assim, aqui estou, realizando-o. Quero adormecer em minhas palavras. Bebe-las e ler meu vinho...

Ouço desprezar tua vontade. É cedo para o que me pede.Talvez me descortine um dia,ou canse de me oferecer o que não posso receber. Não seria justo contigo. Minha sazonalidade é o que sou. Nada mais.

Mesmo reclusa, vejo que julgam meu tino. Tanto disseram para florescer esta, que o fiz.Mas por tuas palavras me despertei. E amanheci...não há mal, não há perigo. Agora, só inquietude.

O telefone toca. Me chamam... devo ir, melhor assim.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Quadro

Me pintou em letras.
E retratou os quadros
de meus versos.
Melodicamente, silenciou
o acelerado movimento
daquela cena.
Quadros trocados
galeria invertida.

Musicou o dissabor
das telas abstratas
e delas fez canção.
Compôs o desenho
com a emoção daquele
instante.

Musealizou nosso viver.
Instituiu minha arte
como sua.
Sem temor,
interviu meu amor
e grafou teu nome
no hedonismo temporal
cotidiano.

Arte de viver
e de querer
que o sofisma ceda ao canto
a verdade do sentir.

domingo, 5 de outubro de 2008

Janta (Marcelo Camelo por Marcelo Camelo e Malu Magalhães)

Aniversário do "Divagando e Aprendendo. Ou não!"

Oi gente!

Ganhei mais um presente esta semana. É aniversário do blog Divagando e aprendendo. Ou não! e fui convidada a escrever um texto...amei o convite e claro, aceitei!

O Flavitcho, autor do blog, é uma pessoa muito especial, escreve ótimos textos. Sempre me vejo ali, perdida em alguma de suas frases.

Gostaria de convidá-los a visitar o blog...é muito bom!
Parabéns Flavitcho, muitos anos felizes estão por vir...e muitas divagações!
 
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