Texto publicado em Maio de 2008. Para todos aqueles que sentem saudade.
Era uma varanda extensa, com um pequeno jardim à frente. Havia uma rua pouco movimentada que trazia vida àquela residência tão quieta. Trazia porque os passantes estavam habituados a olhar aquela cena quase fotográfica, não fossem os suspiros de tempos em tempos vindos daquele lugar...
Ela se sentava todos os dias na mesma cadeira. Nas manhãs, tardes e noites, após exercer mecanicamente todas as atividades diárias da casa. E todas as necessárias para que sua vida prosseguisse, até chegar a hora em que Deus resolvesse levá-la.
Deus. Como ela chamava por esse nome. Pedia diariamente para que ele colocasse um fim a sua melancolia. Mas ele a ignorava, e se esquecia dela. Passava ao seu lado sempre, levava a Maria, a Selma, a Ivone.... E se ia.
...
Lembrava da casa cheia. Das crianças correndo naquele jardim. Dos longos almoços cheios de sorrisos e altas palavras; das visitas vindas de fora, das vizinhas amigas, dos bordados, dos bolos com café passado na hora...
Suspirava. Levantava. E limpava a lágrima que sempre teimava em cair.
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...porque hoje é dia da saudade. E que dia não é?