domingo, 30 de agosto de 2009

Espelho

Não sei se me compreende
Ou te julgo cúmplice de
Meus delitos poéticos
Sem que o saibas.


És uma construção tão bonita
Que te materializar erradicaria
Tantas belas metáforas
Ainda por dizer.


Não é homem, corpo ou visão,
É essência que transpassa em
Forma ao chão, quando em ti,
Luz. Sou eu em você.

Warwick Avenue (Duffy)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Voyerismo lunar

Gran Finale - Sr. do Vale
0,74m x 0,42m

Inspirado nas telas do Partículas do Sentido

Pés cansados,
cambaleando pensamentos
sem chegada.
Pó de todos pisa.
Mulher que vaga
à lua clara.
Entra no mar
e banha sua alma,
abraça o fim.
O céu se abre
em dançante véu
e cobre o corpo.
O segredo da noite
dissipado ao mundo
por teu brilho.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Dizem que peixes acalmam...



Clique na imagem para alimentar os peixes.

sábado, 22 de agosto de 2009

Condenação

Um livro jogado a um canto qualquer
Em brancas páginas iniciais
Miolo em letras
E seguintes por tua espera.
Queria-te intensidade das minhas
Turbilhão de procura
Do encontro de nem sei.
De nós.
Quem sabe?

Quando em ti,
Morta viva.
Quando em ti,
Lágrimas de sorrisos.
Quando em ti...
Não vês.

Ou me leva
Ou não mais me arranque
A raiz d'alma.
Sem ela,meu chão vira pó.
Sem ti, em pó me
Sufoco.
Como ficamos?
A espera de um sim?
Corra!

Não suporto o peso
De minhas pernas
a andar em cacos de talvez.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Alívio

Escrevo para morar em teu corpo. Para que me sinta a percorrer-te os sentidos e outros por descortinar. Meu toque ou som de fala são intensos e imperfeitos medos de transcrever sinais imprecisos, irracionais; desejos de coroar-te concreto de rascunhos lapidados com a precisão de suaves toques de ternura. Não sei amar em segredo, por isso escrevo. Para dar leveza aos dias em que saio a semear sorrisos colhidos em um brejo dormente de faces desconhecidas. Escrevo para te acordar e suavizar o sonho. Para respirar um ar comum, de sentir comum, de candura lacrimosa, que tomba meu corpo às cartas. Escrevo para que passe. E permaneça em mim.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ócio

Começo a delinear um ninho de sobrevida para encobrir as lânguidas horas dormentes que passam a deixar rastros que aqui são transcritos. Minhas vontades estão, incômodos que latejam a descrença de deparar, a cada forçado descanso, com os imensos passos que distanciam a felicidade de mim. A dor que carrego não está, é; fruto que se recria imponente a cada vez que toco o que mais desejo. Entorpece o meu passar, passando em ciclos permanentes não premeditados; cicatrizes para não esquecer de me afastar de cada noite como esta...

domingo, 9 de agosto de 2009

Desastre do poeta

Letrista, não cantor - ele é.
E o que importa, se ouço-me
Cantada no poema papel sonoro?
Tem mais voz a tez que silaba
Audições sentidas.
Guerreia bemol's em frascos emblastros
Que beberico a madrugadas coléricas
De amores sem paixão.
Eu sou poeta. E não creio
No que canta coração.
E vou perdida, na nota partida,
Numa lamúria; ilusão.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Cícero

Quem souber de Cícero, me avise.

Ele tem longos anos, usa óculos e possui uma barba macia. Diz de poesias bonitas, frases sonoras. Escorre em seu rosto a beleza dos anos em sulcos finos, traços sábios de palavras impressas.

Quem souber de Cícero, por favor, me avise.



segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Negras rosas

Já se apagaram as luzes das rosas entregues há uma semana. Observei a decrescência da vida por estes dias, tendo por companhia um sopro vazio que internaliza tantas dores silvestres afloradas em um cotidiano morto. Estou só e nem sei de ti.

À mesa, uma luz tão inconcreta quanto meu caminho ilumina esta lamacenta e contraditória vontade de ser feliz. E em contrabalança aos meus lentos dedos deslizantes por desequilibrados vocábulos novos que transcrevem perturbações tão companheiras em sua permanente rotina, estão os desejos cumpliciados à busca racional de um encontro menos sufocante, deslizante, incerto. Estou só em você.

Cada lúdico movimento trêmulo de minhas mãos a desenhar-te o sorriso acolhedor despende de meu coração farpas tempestuosas que espalham aos caminhos teus uma sombra de repouso igual ao de tua cama macia. Estou só e nem sei de ti.

E as rosas que ainda permanecem na sala, no canto, no meu olhar, me trazem pensamentos tão incertos e inconcretos quanto tuas juras e teu medo de me fazer feliz. Não tenho forças para levá-las, por isso permanecem. Talvez nem estejam, talvez alguém as leve. Só ou em companhia...
 
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