domingo, 13 de janeiro de 2013

O nome - Parte 8 (cont.)

Então quando eu era pequena, brincava de viver. E não haviam segredos. Aliás, haviam segredos, mas eram segredos bons, que davam sabor à vida. E isto me fazia viver. Você vivia quando era criança? Eu já fui criança. Assim, criança diferente, porque cada criança é diferente da ideia de ser criança que o adulto tem de quem criança é.

Muralhas dormem em paz, suspirando sonhos de criança que é, e vê a verdade e finge que vive. Eu não durmo. O dia se aproxima, mas já é dia, só que ainda está escuro. Eu gosto do escuro. E eu não queria gostar mais de anjo, mas eu não sou dona de mim. Eu sou sem querer, mesmo estando morta. Porque a ideia está morta. Você morreu?

Estou cansada. A cama me preenche... não!, eu preencho a cama. Eu, eu. Eu sou eu. Está feliz? Eu sou eu. Eu sou eu. Eu sou. Sou eu. Eu. Que vontade de ser feliz agora. Porque você descobriu que eu sei que sou eu. Eu sempre soube, mesmo quando eu não era eu. Eu nunca fui a ideia de criança que você pensa que criança é, por isso eu sempre fui. Tenho pena de ser. Eu não queria mais.

Você sabe como marcar a vida? Vou desvencilhar as mãos para sair daqui. Muralha de anjo: beleza leve, que sonha vento de encanto fugaz.

Estou cansada, vejo os raios do sol. Amanheço. Eu amanheço, e a beleza das metáforas segreda tantas confidências. Você está preparado para saber o maior de toda a vida? Vou te contar, mas somente quando você for. Ninguém mais dorme neste apartamento. Agora não posso continuar...

Nenhum comentário:

 
Creative Commons License
Degustação Literária by Fernanda Fernandes Fontes is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.