Pontualmente, às 20h, ele entra em minha casa e deixa
o passar da rua pelo portão. Senta-se no sofá e vê da janela um céu emoldurado por
tropo do tempo que nunca morre. Pergunta-me se sempre haverá estrelas. E eu,
crente, digo que mesmo lá, haverá. Observa
a casa em ordem de rotina, o tapete que recebe os pés com prazer e o silêncio
das cumplicidades que nada dizem em palavras. Olha as paredes em cores.
Gestualmente, ama-me imóvel, afável somente por ser e ali estar.
O sol
crepitante, a chuva fina, o vento morno , a trovoada firme, a primavera leve, os
pequenos raios - de luz ou luz.
Pontualmente, às 22h ou 22h10, ele passa em frente à
rua de minha casa e para em frente à porta. Fica ali de pé, olhando as
janelas carcomidas pelo tempo. Curto tempo. Observa o portão, com seus canos
retorcidos ornadamente. Verifica o contorno da casa, o desvanecer das cores das
paredes; o capim que cresce em desordem,
imperioso. Ele não vê caminho para a entrada - mas procura.
Então, percebe que são horas, e que se ela souber que ele ainda ali está, diariamente, desmoronará todo o imperioso castelo de areia. Ela é feita de água e pó. Onde ela mora, não há estrelas. Mas o céu, ah, o céu! é sempre de um azul cintilante, como o da parede branca.
Então, percebe que são horas, e que se ela souber que ele ainda ali está, diariamente, desmoronará todo o imperioso castelo de areia. Ela é feita de água e pó. Onde ela mora, não há estrelas. Mas o céu, ah, o céu! é sempre de um azul cintilante, como o da parede branca.
4 comentários:
Encantador Fê. Você escreve tão lindamente!
Obrigada, Rafaela! Que bom que você gosta! :)
Bjs
Sinto a beleza de cada amarra. Cada palavra lapidada com delicadeza. Mas só a hora me escapa. Mas com céu tão pronto para à s estrelas, quem se lembra da medida do tempo.
Lindo!
Felipe
Obrigada, Felipe!:)
Bjs
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