Desligo o carro, atravesso a rua
e bato à porta ininterruptas vezes até que ela se abra - o que não demora. Lanço-me
à casa ávida pelo encontro, por quebrar descuidadosamente um vaso que ao canto
está, pela pressa de ir e ser. Mas não o faço. Sento-me à poltrona, pés a
balançar. No rosto, um singelo tom de “diga-me” com ares de “que seja assim” e
não de que “assim seja”.
Enquanto isso, fantasmas valsam na sala. Eles não estavam aqui quando
entrei. Não havia música, apenas o bailar do mutismo.
A inquietude taqui-cardia-me. O
desejo, a ânsia, a cruz. Valha-me Deus. Valha-me o Diabo. Eu sou o meio que
pende. Levanto-me. Ando de um lado a outro. A parede branca, o retrato. Tudo em mim.
Desligo o carro, atravesso a rua
e bato à porta uma única vez. Entro na casa, sorrio, sento e observo as pessoas
que valsam uma canção alegre e rítmica. Balanço os pés e aceno. Agora não é
mais uma canção. É a canção. Sorrio e aceno. Assim, é como faço. No rosto, uma
angústia translúcida de “assim seja”, com ares de “que seja assim”.
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