terça-feira, 6 de novembro de 2012

O nome - Parte 5


Agora é meu nome que ouço. Não o digo, mas ouço. Eu esqueci as palavras, por isso não posso dizer meu nome. Nem o seu, nem o dele. Me chamam, eu vou. Vou parecer um anjo. De pele alva, lábios tinto vinho, negros cabelos, corpo enluarado - muralha mansa que venta anjos. A noite era quente, depois fria... o tempo está bom. Agora, de novo quente. Quente bom, a noite pode ser quente e ser gostosa. Gosto de vinho, de muralha e de olhos verdes - mel.

A muralha é doce. Não sei quantas são as horas. Não quero saber de nada... Vinho tinto, tintos lábios. Doce muralha, parece anjo. Acho que estou sonhando - serei capaz? Não, não, é apenas um devaneio. Eu não sei sonhar, esqueci como faz. Eu queriadormir. Mas venta um vento bom...cor de muralha, verde-mel. Não quero dormir mais, nunca mais, venta o vento da muralha. 

Quando deito, junto as mãos e as entrelaço. Ao meu peito, ao dele, ou ao desejo do sonho. Desejo somente, porque eu não durmo mais e, portanto, não sonho. Antes eu gostava de sonhar, mas já me acostumei com a falta. A falta vira parte e passa a ser. Eu sou: diferente ser. Quando deito, entrelaço as mãos. Porque sempre preciso preencher minhas mãos; nelas, sempre há falta. Mas esta falta não é...

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Degustação Literária by Fernanda Fernandes Fontes is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.