Assim a noite vai indo e eu fico sem meus paliativos
escuros que me cobrem a dor das reminiscências. Eu gosto do escuro, você gosta?
O escuro me cobre e me aquieta. A dor dói menos. Tem gente que não gosta, mas
eu gosto: o escuro acasalado ao silêncio. E as mãos no peito. Entrelaçadas.
Gosto do escuro. E de anjos. Não gosto das tarde e do nome que gritei antes de
subir as escadas.
Viver dói. Aos pouquinhos, dor aguda, fina,
ininterrupta vida, dor fina, que fica, que fica, que fica. Eu queria ter sono.
E sonho e dormir. Mas é bom ver anjos dormindo. Eu amo ver anjos porque anjos
não existem. E ai são reais. Porque tudo é inventado. Você é inventado, e eu
gosto de você. Mas você não existe. Somente a muralha existe, mas a muralha
venta um vento tão bom que eu quero que seja anjo. Porque anjos não existem,
então você não existe e eu sofro só com a vida. Porque se você não existe, não
é vida. Só muralha que venta um vento bom...
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