domingo, 2 de dezembro de 2012

O nome - Parte 6


Assim a noite vai indo e eu fico sem meus paliativos escuros que me cobrem a dor das reminiscências. Eu gosto do escuro, você gosta? O escuro me cobre e me aquieta. A dor dói menos. Tem gente que não gosta, mas eu gosto: o escuro acasalado ao silêncio. E as mãos no peito. Entrelaçadas. Gosto do escuro. E de anjos. Não gosto das tarde e do nome que gritei antes de subir as escadas.

Viver dói. Aos pouquinhos, dor aguda, fina, ininterrupta vida, dor fina, que fica, que fica, que fica. Eu queria ter sono. E sonho e dormir. Mas é bom ver anjos dormindo. Eu amo ver anjos porque anjos não existem. E ai são reais. Porque tudo é inventado. Você é inventado, e eu gosto de você. Mas você não existe. Somente a muralha existe, mas a muralha venta um vento tão bom que eu quero que seja anjo. Porque anjos não existem, então você não existe e eu sofro só com a vida. Porque se você não existe, não é vida. Só muralha que venta um vento bom... 

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