sábado, 26 de dezembro de 2009
Gotejo
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Estou aqui!
sábado, 31 de outubro de 2009
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
A espera
Chamo Carlos ao telefone, inquieto ele também:
- Apresse as armas, aponte as inquirições. Não há mais que se esperar. Avante ao encontro, ela teve sua chance final. Tola!
E Elza amanhece morta, ensaguentada, corpo em fétida decomposição.
- Agora é a sua vez.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Noite de Neon
2,50m x 1,50m
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Feliciana
terça-feira, 6 de outubro de 2009
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Cotidiano
as contas da linha de sua fita?
Mal estar, distração, jogo de cenas.
Sem laços feitos,
horizonte por sobre a gaveta
presente em cartas adormecidas,
a espera de um fatídico destino;
sina de um cotidiano
representativo
que faz, mas não deseja.
Que o outro seja
senhor de sua felicidade.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Inspiração ou Transpiração
terça-feira, 22 de setembro de 2009
terça-feira, 15 de setembro de 2009
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Ele me diz
- não gosto de me perder.
O que acontece aqui?
Este som, estas vozes..?
É ali. E lá, o que será?
Um beijo não importa
destino.
Creio não gostar.
Era isso? Mas foi.
Palavra vã, acaricia
meu corpo, um segundo.
Vai e esquece.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Beleza Pura, de Beatriz Milhazes
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Descanso
Outrora quis adormecer apenas, para hibernar pensamentos infecundos - em sazonais temperanças me apresentam. Momentaneamente fechei os olhos e abri meu corpo. Um turbilhão de clarões inundou rachadas em meu coração.
Ei de morrer por uns dias.
E o sonho de tão claro me cegou. Embebeci minha alma inlúcida de vozes gotejantes, tortuosos vislumbres e audições induziram meus caminhos. O rosto parado, sentado à pedra. E isto é eternidade.
Ei de morrer por uns dias.
Cansado, meu corpo pede paz. Ainda quero gritar, mas não há voz na força. Não há corpo na paz. Olho para o lado e o que vejo? Um leito quente, para dias frios.
Pelos dias, ei de morrer.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Autobiografia
domingo, 30 de agosto de 2009
Espelho
Ou te julgo cúmplice de
Meus delitos poéticos
Sem que o saibas.
És uma construção tão bonita
Que te materializar erradicaria
Tantas belas metáforas
Ainda por dizer.
Não é homem, corpo ou visão,
É essência que transpassa em
Forma ao chão, quando em ti,
Luz. Sou eu em você.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Voyerismo lunar
Inspirado nas telas do Partículas do Sentido
Pés cansados,
cambaleando pensamentos
sem chegada.
Pó de todos pisa.
Mulher que vaga
à lua clara.
Entra no mar
e banha sua alma,
abraça o fim.
O céu se abre
em dançante véu
e cobre o corpo.
O segredo da noite
dissipado ao mundo
por teu brilho.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
sábado, 22 de agosto de 2009
Condenação
Em brancas páginas iniciais
Miolo em letras
E seguintes por tua espera.
Queria-te intensidade das minhas
Turbilhão de procura
Do encontro de nem sei.
De nós.
Quem sabe?
Quando em ti,
Morta viva.
Quando em ti,
Lágrimas de sorrisos.
Quando em ti...
Não vês.
Ou me leva
Ou não mais me arranque
A raiz d'alma.
Sem ela,meu chão vira pó.
Sem ti, em pó me
Sufoco.
Como ficamos?
A espera de um sim?
Corra!
Não suporto o peso
De minhas pernas
a andar em cacos de talvez.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Alívio
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Ócio
domingo, 9 de agosto de 2009
Desastre do poeta
E o que importa, se ouço-me
Cantada no poema papel sonoro?
Tem mais voz a tez que silaba
Audições sentidas.
Guerreia bemol's em frascos emblastros
Que beberico a madrugadas coléricas
De amores sem paixão.
Eu sou poeta. E não creio
No que canta coração.
E vou perdida, na nota partida,
Numa lamúria; ilusão.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Cícero
Ele tem longos anos, usa óculos e possui uma barba macia. Diz de poesias bonitas, frases sonoras. Escorre em seu rosto a beleza dos anos em sulcos finos, traços sábios de palavras impressas.
Quem souber de Cícero, por favor, me avise.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Negras rosas
À mesa, uma luz tão inconcreta quanto meu caminho ilumina esta lamacenta e contraditória vontade de ser feliz. E em contrabalança aos meus lentos dedos deslizantes por desequilibrados vocábulos novos que transcrevem perturbações tão companheiras em sua permanente rotina, estão os desejos cumpliciados à busca racional de um encontro menos sufocante, deslizante, incerto. Estou só em você.
Cada lúdico movimento trêmulo de minhas mãos a desenhar-te o sorriso acolhedor despende de meu coração farpas tempestuosas que espalham aos caminhos teus uma sombra de repouso igual ao de tua cama macia. Estou só e nem sei de ti.
E as rosas que ainda permanecem na sala, no canto, no meu olhar, me trazem pensamentos tão incertos e inconcretos quanto tuas juras e teu medo de me fazer feliz. Não tenho forças para levá-las, por isso permanecem. Talvez nem estejam, talvez alguém as leve. Só ou em companhia...
quinta-feira, 30 de julho de 2009
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Palavras vãs
Que me encontram aflita
A rondar as horas de a ti não chegar
O que em mim lateja e não transubstância
Em palavra de sentido.
Persegue a dor da tentativa
De dizer-te o que não sai
Se não de meu olhar distante.
Prossigo tempestuosas desordens em
Vocábulos levianos que outros chamam poemas
E eu teimo: ermas vontades.
domingo, 19 de julho de 2009
José
Meu velho;
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Marca
nem passagens.
Deitei meu olhar e ferrei
marca de mim: é ele.
E de viva carne queimou
que sangue escorreu a doer
- deixei repouso marinar vivência.
De declives minha história é.
Os aclives foram, bastantes
horas felizes passei.
A foto, sempre ao bolso do olhar:
quando a gente não quer deixar
finca, fica.
E é de novo.
terça-feira, 23 de junho de 2009
Homem de cachecol vermellho
Espuma de leite no café
Um dois, um dois
Não cessa.
Ele sorriu, se foi.
Sobrou a fotografia emoldurada
E um olhar displicente.
Dois não!
Um lá,
um lá.
Me deixa ir.
Três - sempre o outro.
Pode ser
Quente no pescoço frio.
Cigarro.
Beijo branco
- era dele -
Um só.
Na galeria de arte.
Passa os lábios
Flores, pastas e letras.
Três, quatro e ponto.
Mas é que anda frio por aqui.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Ode a parte da fruta
Justo ela, tão docinha, último prazer do fruto guardado.
A tampa redondinha caiu ao chão. E eu, pequenina, chorei, chorei.
A tampa da laranja e seu sabor de infância.
Se foi, e eu fiquei.
Grande!
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Mea culpa
Por ter abafado a cumplicidade de teus olhos;
Pela fraqueza de querer-te feliz, sabendo-te os desejos;
Rogo compassos aos encontros,
Rogo vendas aos outros,
Rogo crer que ela vive,
que nada ruirá.
Alimento-me com nossas fraquezas.
Amém.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Prece
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Declaração
Balzac
Seria menos perigoso, de menor intensidade, mas não. Só eu sei de tuas inverdades. E por isto me aventuro em você, no teu ser em ti, na alma de tua essência que flamula à minha, ao meu encanto; por ti, somente por ti às horas, sorriso vem singelo. Teus olhos pequenos, ler teus pequenos olhos amenos, palavras dispersas em meu coração. Banho-te os lençóis claros de tua pele em doces beijos, desejos.
Nem era dia e eu te queria como se te houvesse perdido. E mesmo sem te conhecer, mesmo antes de saber de ti, nossas almas já confidenciavam segredos.
domingo, 31 de maio de 2009
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Onde
Mas o vento, esse que
tremula a coragem
inquire:
_ Aonde vai?
E me leva sem resposta.
Onde dá pra ser feliz a gente é.
Enraizo palavra
a estender galhos
à brisa - agora é calmo
o choro que
lavro.
Onde dá pra ser feliz a gente é.
Mas eu nunca onde.
domingo, 24 de maio de 2009
Ela, o mar e ele
percorre os sentidos
e se esvai em um
sopro maior de vento
tufão.
Ancora teu corpo
na areia a olhar
as águas que se
agitam em um flerte
de alma.
Quer adentrar água
luminosa, quer permanecer
n'areia. Engarrafar o tempo
quer, em vão
não!
É atrás da ponte, detrás
da pedra, onde ele mora.
O mar tem olhos verdes
de maré revolta
- parece rio manso.
Me chama em canto
de gaivota, saudade.
Leva e retoma à praia :
mulher de mim
nascente em ti.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Caminhos
Olha ali, por detrás daquelas pessoas...está vendo? Aquele é Felipe, ele é flautista. Eu caminhava por entre todos quando o vi sentado tocando flauta. Gostei tanto que me aproximei e disse "olá". Ele me sorriu e respondeu ao meu dizer, acrescentando "sente-se'". E ali fiquei, ao sabor daqueles sons...Quando disse ser poeta, ele se alegrou e dançou comigo. Sorri, me enchi daquela felicidade simples, transparente. E em meio à dança, soltei os abraços que nos uniam e prossegui chorando... o porquê chorei? Não sei, acho que me senti feliz, viva, e transbordei...pouco antes de você chegar...
Pedro, vamos até ali.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Loucura
Senti uma voz que dizia que subjeções enlouquecem mentes sãs. E outra vez tua presença a gargalhar o ópio de tristezas delirantes. E a cada lampejo sonoro, aterrorizava-me em uma busca de sentido retalhado, dissipado por abstrações que teimam em enraizar almas na terra a esta hora da madrugada.
Dissolvida a verdade em um copo de angústia que fraqueja a essência de perder o que não importa, vi um vulto a me olhar fixamente; a sugar o pouco de quietude que teima em deixar minha alma acesa. Tive medo do homem que bate na face uma loucura coletiva.
Orei a quem interesse tivesse, que queimasse o entorno que ronda as certezas. Sintonia das horas, passos impressos a edificar uma existência morta.
domingo, 3 de maio de 2009
Ben(e)dita Bianca
quinta-feira, 30 de abril de 2009
À tua graça
Ao sorriso, que tem como fardo, homem;
Ao homem, que tem como sorriso, fardo;
Ao fardo, que tem como homem, sorriso.
Leve dom da graça
de sua lírica identidade:
graça do sorriso.
Farto.
Leve fardo preso a ti.
Aqui dentro gravado
a fardar meu extenso
berço de palavras ditas.
Sorriso farto.
Largo.
A me alegrar reminiscências
sempre que ao vento digo.
O nome que me encanta o riso...
terça-feira, 28 de abril de 2009
Lembrança
Eu te amo.
Eu te amo.
Eu te amo. E disso não esqueci.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Parangolé de mim
Um dia, eu vou conseguir. Sei que sim, viver assim não é bom. Mas dói, sabe?! De novo. É sempre assim....Ele? Ah ele me faz sorrir, é uma graça! Mas não me transcende a alma . É, eu sei. Mas o que que tem? Se fui eu? Não, não fui. Sim, é isso: que fizesse algo. Pois é.
terça-feira, 21 de abril de 2009
Alento
A canção me deitou ao chão molhado pelo orvalho frio, lambidinoso que me toca a pele. E o sangue de mim, amassei com o coração embebecido de razão, que grita a dor que unge meus dias. Ah!, essa lamúria que não cessa, esse desespero homem que não cede à minha tortuosa fuga.
Ressurge diariamente e me faz negar o que ainda me grita: as mentiras que canto, são para esquecer o que a todo instante me vem em dó maior; notas que adubo, mortas. E meu clamor, cântico circular que de mim sai, mas fica, não chega onde precisa.
E em meio à noite escura, olho para o céu. Ele também sangra e goteja. E me pergunto se ai também assim ele se apresenta.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Desespero
Busquei sentidos que não havia
Gritei aos deuses o encontro do
entendimento.
Mas nada
Nada, nada!
Me ocorreu sair pelas ruas veloz
Adentrar becos sombrios
Beijar o homem
Despido do fato.
Mas nada
Nada, nada!
Resolvi não pensar
Me aventurar em ladeiras
Cegar-me às luzes
Esfolar meu querer
Mas nada,
Nada, nada!
Nada de tua força
A dizer que tudo importa.
Nada de mim em ti,
Nem um querer concreto.
Somente um nada,
Mais nada.
Nada de teu encontro.
Nada de tua chama.
Nada de quietude.
Meu fim.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Insensatez
_ Não, é azul.
_ É vermelho.
_ Não, é azul.
_ Então descreve.
_
_ Descreve a cor!
_
_ Fala o que é a cor.
_ É azul.
_ O que pra você, é o azul?
_ É o meu sentir que lá está.
_ Feche os olhos.
_
_ É meu sentir vermelho.
_ Mas é azul.
_ Descreve o que sente, cria!
_ O que vem de tuas letras, é difícil.
_ E teu azul é uma ilusão.
_ Teu vermelho é uma mentira!
_ É a descrição do que vivi sob meu olhar.
_ E as letras difíceis?
_ Se o que escrevo é difícil, é porque sinto difícil.
_ E quanto ao vermelho?
_ É por si, nada posso com ele.
_ E o criar?
_ O criar? O criar doí a dor que há em mim.
_ Você não percebe.
_ Eu sinto o perceber.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Ir além dos sentidos
Caminho a passos de lampejo, sinto me acompanhar breve instante de calmaria e desconcerto... Luzes se ascendem e apagam, como vagos-lumes que direcionam meus passos. Mapa entregue aos teus olhos. Limiar que alinha meu viver ao teu. Sabor.
Soturnos deslizes premeditados.
Meu aroma segreda à tua percepção: enigma que penetra a pele através do mar que inebria meu pensar. Alcança as profundezas do que beira a inconstância do que virá. Nossas mentes são palcos solitários. Nossos dizeres, dispersos pelos múltiplos entendimentos. Que esta não seja minha sina; que o motivo do meu desabafo ceda à calmaria de água nascente. E que desça cachoeira...e que inunde tudo o que aqui está.
Para ouvir Ir além dos sentidos
domingo, 12 de abril de 2009
Sua
terça-feira, 7 de abril de 2009
Sentença
Silenciosa como a mudez do telefone;
Imersa em remédios que não chegam à alma;
Ditas ao movimento do carro a negar o fato e a reforçá-lo ao imaginário do outro -
que segundo os dizeres, sempre o cria.
Ato consumado.
Confirmado.
Houve traição.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Apoteose
De vontades infindas
Em praça pública.
Ah, se soubesses que
Minh´alma flameja
Pelos espirais de teu
Corpo, entrarias em
Mim feito apoteose
Nas plagas dos prazeres.
Fantasio-me de lânguidos
Segredos para descortinar
O céu rubro de tua face.
Na enxurrada de cores,
Confeito-te d´amores
O eco do que guardo
A noite pra ti:
na sinuosa avenida
desfila meu desejo.
Saciai-o!
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Tango
Zeca Baleiro

Ao meio sorriso estava; ao sorriso do abismo que gentilmente conduzia seus passos; ao braço cujo corpo ofertava costas ao outro peito.
E rodaram gotas de sangue em um ir e vir de força que mescla um espiral de amor e amor.
Giraram até quando não mais sei.
sexta-feira, 27 de março de 2009
Alcance lúdico
Não acenda, não...
Por que esse mistério de sorriso, Rubem?
O que buscas em mim neste escuro?
Ah Rubem, senta aqui ao meu lado
e me diz:
o que te falta aos dias?
Por que me olhas assim?
Rubem, veja, aqui...
Percebes?
Eu estou com você.
Aquiete.
Ao meu lado, fique!
Teu sorriso ao meu lado.
Feche os olhos Rubem.
Este sopro...
Este sopro...
que te aperta forte...
Sou eu.
Dentro de ti.
Aquiete...
Estou em você.
segunda-feira, 23 de março de 2009
Templo de ausências
Em sua negra nave caminho rumo ao altar ornado de ausências inúmeras. Me ajoelho a derramar lágrimas de saudades, de indignação e raiva. E nesta hora não vejo nada além de mim e do meu querer.
É nesta casa que elevo minhas mãos e clamo a retomada das felicidades de outrora. Daquele aconchego morno, cúmplice e discreto; verdadeiro. Onde me despeço das alegrias e vou, cambaleante, ofertar flores aos mortos que partiram e pérolas aos que perambulam no meu limbo diário.
Onde sinto a impotência dos segundos; onde os dias são lineares; onde a ausência é matéria da fôrma de mim.
Porque tem dias que é insuportável. E não passa.
sexta-feira, 20 de março de 2009
Chuva
Meu ser venta quando destas ocasiões. Um vento frio que percorre meus pensamentos, coração e adentra minhas veias, tornando gélido o sangue que por elas percorre.
Me enlaço então, em um abraço carregado de desejo e quietude. E permaneço ali, a sentir-me em você, a ser criança em primeiros passos frente aos pais...teus braços abertos estão, há de carregar-me ao calor de um novo dia.
De um novo tempo.
terça-feira, 17 de março de 2009
Paz de ti, em ti
Digo.
Recebo-te.
sábado, 14 de março de 2009
quinta-feira, 12 de março de 2009
Esquecimento
O pássaro a olhou antes de partir. Sentiu soltar-se a vida com a intensidade do vento nos céus... fechou os olhos em uma queixa final. E se foi.
Ela o enterrou ao lado de sua cama. E nunca mais nele pensou.
segunda-feira, 9 de março de 2009
Receituário
de um desejo construído
ao delírio de espasmos
regulares.
A receita para sarar-te
os dias é prescrita a
purgar sua dor.
Três gotas de fugacidade
Uma imersão de fatalidade
e um eterno repouso
absoluto.
segunda-feira, 2 de março de 2009
Compasso
Gotas de orvalho dançam sobre o ar. Te vejo a caminhar por elas, a subi-las como a degraus de transparente chão. Esta é a imagem que tenho de ti. Buscas um entendimento de roda; está ao seu alcance, mas não o toca. Ou não deseja, pois ficará despido de ti.
Sentada ao banco do encontro catando palavras que borboletam ao redor das flores de pensamentos abstratos estou. Tu caminhas ao som de orquestras a revelar-me segredos aos olhos, que encobertos por um véu estão. Nada além me faz querer-te com ternura. Apenas ternura e encantamento. Visão de aconchego. Rodo contigo...
Desces do céu e me contas brisas de tuas dores. Ventamos em canções de porquês...Vago divagar de palavras que amenizam nossos labirintos cotidianos. Somos um sopro de luz ao encontro da busca; ao encontro da completude que nos ronda sem que permita o toque . Ronda à roda...
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Ciranda
Haviam noites de sonhos de paz em mãos de peito; de paz de mãos ao peito dos sonhos; de sonhos de mãos em peitos em paz; de paz em mãos levadas a sonhos de peito.
E de peitos de mãos sem sonhos, sem paz.
Esta é a ciranda.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Vertigem
Tropeços.
Quedas.
Há que se errar,
Entenda.
É permitido.
Entenda.
Caminhos turvos
Vertigens,
Trôpegas pegadas:
Entenda.
Estradas de chegadas
Levam partidas
Para nunca e
Fim.
Entenda.
É fatídico.
Entenda.
Concreto chão
Que não sustenta
Deslizes.
Entenda.
Aconteceu.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Aniversário do Degustação Literária
Hoje é um dia muito especial para mim, pois este espaço completa um ano. E que ano maravilhoso! Muitos encontros, experimentações, artes, amizades, sorrisos e até algumas lágrimas.
Sou completamente apaixonada por literatura e escrevo desde os doze anos. A idéia do blog surgiu por uma necessidade de exteriorizar uma arte de catarse, de afirmação, negação, de belezas, levezas... E aos poucos a brincadeira se transformou em uma parte de mim e os textos foram se conectando de alguma forma. Recentemente brinquei com um amigo dizendo que somos a nova geração literária (sempre pretenciosa..rs...), "os degustadores"!
Me encanto com a pluralidade de conotações que um texto pode trazer, com o fato de muitas pessoas se identificarem com estas letras e me "sentirem" de alguma maneira.
Desafiei alguns amigos queridos a expressar, de alguma maneira artística, a essência deste blog. E recebi preciosidades. Convido vocês a clicar nos links abaixo para sentir o que cada um expressou. Nos nomes, você poderá conhecer um pouco sobre os blog´s e canais do youtube destes queridos amigos.
Obrigada a todos que visitam este espaço, aos amigos de Portugal, aos que acompanham o blog, que o linkaram, que me mandam email´s...enfim...a todos vocês.
Abraço forte com sabor de felicidade!
Francisco Crescêncio Júnior - Degustação de Cordel
Francisco, obrigada por trazer uma nova experimentação a estas letras. À nós, novos desafios musicais...
O amar, sempre exigente
Degusta
Dias, tardes, manhãs
Posso degustar sua casca
Na crueza cruel da maçã
O tempo masca as gomas da infância doce e ligeira
Degusta quem tem juízo:
Qual Kant em ontologia mineira
Basta um impulso da língua em direção ao que é
E a degustação se confunde com cálido sabor das marés.
Degustar é negação do olvidar
Aguçada elevação do querer
Que possuí em si suas regras para que possa aprender.
Que o desejo não se faça tarde
Que o ator não seja covarde
E se atire sem cordas ou destino
No desatino essencial de encontrar
Que consiste no choque assombroso entre a busca e o próprio lugar
No gosto de beijos de amor se pode fazer um lar
Nas delicias de histórias de fada uma criança a sonhar
No paladar vigoroso um Drummond a saciar
Na cozinha da vida prosaica venturas experimentar
Degustar os vinhos da existência
Entre dores e pisoteios
Degustar é sorver a história
Que a vida é fim e meio
Na boca da noite fria a solidão degusta humanos
Em pratos de louça branca a fome degusta seus planos
José degusta Maria
Maria degusta seus filhos
O trem degusta e com pressa,
Engole e devora os trilhos
No amor,
Na necessidade
Na paz,
Num blog estelar
Degusto diariamente a arte de degustar!
Flavitcho - Degustação
Flavitcho, pensar em você é sentir alegria. À nós, muitas divagações e respostas...
O sentimento transborda.
Há quem o liberte.
Há quem o guarde.
E há quem o liberte guardando:
Degustação.
Sentimento puro.
Toques de criatividade.
Releituras, intimidades.
Sempre sentimento.
Seja nu ou vestido,
cru ou cozido:
Degustação.
O sentimento chegou
e aqui encontrou o seu lugar.
Combustível dessa gente
que vive de amar - e sofrer.
Expressão, emoção:
Degustação.
Depósito de sentimentos.
Coleção de fatos.
Choros, sorrisos.
Emoção, reação.
Fui convidado a degustar.
Degustei...
E gostei.
Filipe M. Vasconcelos - Paladares
Filipe, obrigada pela amizade, companheirismo e presença. À nós, vários cafés...
Entre poemas,
me perdi
Me perdendo
Não pude lhe encontrar
Nas sombras dos seus versos
Construí
Labirintos sem pensar
Escrevias, pois, poesias doces
Tão saborosas para degustar
Mas com o passar dos anos
A doçura dos seus planos
Criou versos
Tão amargos para amar
Portanto me recolhi,
E tive medo de saborear
Os versos de outros amores
Cujos espinhos de todas as flores
Só faziam me sangrar
Assim me despedi
E recusei os meus sentidos
Mas com o tempo aprendi
Que o sabor das coisas que vivi
Esteve nos erros aprendidos..
Euzer Lopes - Degustar
Euzer, pensar em você é pensar em companheirismo. À nós, todas as alegrias do novo...
Gustare.
Gostar,
Gosto.
Em agosto? Setembro? Primavera? Verão?
Sem desgosto.
Gosto gostoso.
Gostar. Degustar, apreciar, paladar.
Sabores.
Nas mesmas vogais: amores.
Amores degustados
Amores gostosos
Amores gostados.
Amores digeridos.
Amores desamados.
Amores contados em blogs.
Amores postados e comentados.
Amores vividos.
Sabores de amores.
Degustação de leitura de amores.
Degustação de leitura.
Degustar...amar...viver...
Alex Barzan
Alex tem uma paixão que me encanta: ele vive o piano com uma intensidade, com um gosto de necessidade, que é maravilhoso. Além de ser um excelente pianista, tem uma sensibilidade artística rara nos tempos atuais. Possui um canal no youtube com algumas de suas interpretações, este aqui Alex Barzan . Se brinco que nasci na época errada, ele então...
O vídeo abaixo é um improviso no piano que diz tanto... para ser degustado com olhos e ouvidos.
Alex, obrigada pela presença, pela sensibilidade e pelas críticas. À nós, uma explosão de emoções...
Alam Oliveira - Deglutição Literária
Alam, obrigada pela divulgação e presença. À nós, tempo livre para a escrita...
Em um espaço virtual o leitor depara-se com o real e imaginário; e ainda possui prazer em saborear ou, em uma metáfora avaliar pelo paladar as palavras, que mesmo tendo significados carregados e negativos são transmitidas com singeleza e perspicácia que conduzem quem as lê à reflexão crítica ou emocional.
Quem degusta não degluti apenas, mas diante de poucas ou muitas palavras se depara com o sabor das palavras em contextos diversos.
Parabéns Fernanda, autora, idealizadora e escritora do “Degustação Literária”, que em apenas um ano conquistou leitores, amigos e o interesse de muitos tantos outros em utilizar parte do tempo que utiliza a internet neste espaço enriquecedor!
domingo, 15 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Entrelinhas da percepção
um sorriso mudo.
Uma timidez obscena,
calculada,
de uma metódica
sensualidade.
Pois era uma esquina
abstrata da vida.
Um encontro fortuito,
um desarme despojado
do que sou.
Pois era um brincar
ilegal de ocultas
palavras, de embalos
e silêncios sussurrantes;
traço fino de
múltiplas revelações.
Pois era um desejo
ânsia de um querer;
grito sutil
de ser este
por mistério.
Pois certo é:
meu corpo,
encaixe perfeito
de tuas mãos.
Me leve.
Eu te sinto.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Ménage à trois
em um corpo.
Três verbos distintos
em um corpo.
Três verbos...
um corpo
um corpo
um corpo.
Três corpos distintos
um verbo.
Três corpos distintos
um verbo.
Três corpos...
um verbo
um verbo
VERBO.
Quem é o pai
dessa criança?
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Poeminha mineiro

Traz esse meio sorriso
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Carnaval
lustradas pela ilusão
de dizeres sem profundidade.
Alucino-me de criador
em obras mal construídas.
Espero rasgar minha essência
e fazer dela confete.
Para chegar-te em festa.
Cantar o tom do esquecimento
que toca tua canção.
Lapidar, sem pretensão,
as horas - já não importam
os horizonte que avistei.
Par de tangos, meias e metades.
Só o crivo que separa
a felicidade e os outros.
É este, é aquele, é o não.
A clave que vibra
o vislumbre do talvez.
Do desejo, da dor.
Suspiros e declamações!
_Toma:
pra ti.
Quando seria - ou será?-
nós?
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Morte diária da vontade
Pensa, por anos, ser senhor do tempo. Todos eram. Só que ele era único. Modelado pelo cimento do mundo, de todas as vontades. E as suas, onde estavam? Perdidas pelo comando de teu senhor? De teu súdito?
O meu querer no tempo do outro. A força que move – ou paralisa – os dias, presente. Onde está a essência que alimenta e nutre meu viver? Abafada pelo tempo que não diz de mim....? Perdida na cama maquinal da rotina que queima meu pensar..?
Tem presa. E rodopia viciosos pensamentos cíclicos perdidos que não movimentam. Faz-se crer que teu tijolo ali está. Fecha os olhos. Para amanhã morrer novamente. Para cuidar de sua inutilidade histórica.
Do outro lado da casa, em outra cama, jaz outro corpo a respirar desejos e vontades. A construir um tempo que não pertence. A embolar os pés nos dias. E em outra, outra, outra...
O que difere tua existência da hora de todos? Porquê a tua vontade e não a dele? O que te faz merecedor do tempo?
Saiu a dançar palmas e coragem; modelar a linearidade com traços de sofreguidão e carícias de real desejo. Renasceu até a sua morte e foi feliz por si.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Aos caracóis
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Universo na Savassi
saem verdades
a desfilar pelas ruas da Savassi.
O café está em prantos.
O dilúvio é trazido pelo jazz
que ressoa lágrimas melancólicas.
À mesa ao lado,
Cambaleia lúcido
a emudecer os lábios
com água,
apenas.
Me olha.
Não sorri -
mas é como se estivesse,
para mim .
E neste instante
é meu abraço,
meu pranto.
Toda existência do mundo
na figura sem nome.
O homem e eu.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Sangue, essências e aromas
Já não quero compreender, apenas sentir meus enganos. Nem sempre é bom ser poeta. Cria-se estória com tudo, até com a vida.
E quando de remendos vejo versos que me germinaram a alma - contrários também são verdadeiros - atiro-os a quem quiser conotá-los à vida de frouxos laços.
Que a amplidão do mundo embaralhe este emplastro de letras e extraia delas força a unir e não separar. Já que a vida carece ser acolhida, não a deixa ao dissabor do tempo.
Amigos mais que especiais
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Abraço

Conduzir teus passos.
Digo siga
E o fazes.
À direita, à esquerda
E andas.
Não o faço ao
imperativo.
Mas ao cuidado
de querer-te bem.
Tenho por desejo,
com tal feito,
conduzi-lo às lágrimas
e sorrisos
sem dor.
Quero que te vejas
gigante em acolhimento
não rejeites os braços
abertos que por ti passam.
Ame mais.
Sinta mais.
E leve, leve
caminhe pela natureza.
Adormeça a dor que te grita os dias.
Me dê as mãos:
Vamos voar neste céu azul
com os pés fincados ao chão.